From ARTIGOS

Por que 2015 é um ótimo ano para comprar um TV novo

tv2015

Por Geoffrey Fowler* 

Se você está esperando para adquirir um novo TV, 2015 pode ser um ano em que essa decisão irá se justificar. Na International CES, em Las Vegas, encontramos desta vez menos “perfumarias”, como óculos 3D e telas dobráveis. Nada disso fazia sentido para quem possui um TV antigo, mas ainda funcionando bem. Em vez disso, Samsung, LG, Sony, Sharp e outros grandes fabricantes estão trabalhando em aperfeiçoamentos mais importantes para a qualidade da imagem e a experiência do usuário – sem que este tenha que quebrar a sua conta bancária.

Muitas dessas empresas estão adotando a tecnologia chamada Quantum Dot, que torna mais claras e vivas as cores numa tela LCD, mais próximo daquilo que se vê num cinema. Telas que exibem imagens mais nítidas, como as 4K, serão mais comuns este ano, com preços a partir de 750 dólares (nos EUA).

Muitos dos grandes fabricantes anunciaram planos de rever suas complicadas interfaces, aquela mistura de confusos controles remotos, seletores de entrada e aplicativos de internet que tornaram frustrante o ato de assistir televisão. Os novos sistemas prometem menos complexidade, aproximando-se mais dos smartphones. E os aplicativos estão sendo desenvolvidos cada vez mais por empresas do ramo, como Google, Roku e Firefox.

Nem todo mundo aprecia o detalhamento das imagens em resolução mais alta – alguns críticos achavam que o 4K seria um novo fracasso, como o 3D. Mas os fãs de filmes e séries adoram o 4K, porque é possível perceber cada gota de suor no rosto do ator, cada folha de árvore. Antes, essa tecnologia estava restrita aos modelos top de linha de cada marca, mas este ano os fabricantes estão expandindo para quase todas as linhas.

A Samsung, por exemplo, agora tem nove modelos de TVs 4K; a Sharp está duplicando a oferta; e até o meio do ano os preços devem baixar (a Sharp promete um modelo de 55″ por apenas US$ 1.200). Além do preço, os TVs 4K lançados anteriormente tinham problemas de incompatibilidade no padrão de funcionamento, prejudicando os primeiros compradores. A maioria dessas questnoes foi resolvida, embora alguns itens ainda sejam distribuídos sem a tecnologia VP9, que permite reproduzir vídeos 4K do YouTube, por exemplo (é bom conferir na hora da compra).

Sony, Sharp e outros fabricantes estão adotando 4K até nos TVs de 43″, mas nesse caso é preciso sentar muito perto para perceber a diferença. O impacto começa a ser sentido a partir de 65 polegadas; quem procura TVs pelo preço certamente ficará satisfeito com um dos novos Full-HD.

A tecnologia 4K ainda tem um grande desafio, que é aumentar a oferta de conteúdo originalmente gravado com essa resolução e transmitido, de fato, com todos aqueles pixels a mais. Serviços da internet, como Netflix e Amazon, já estão distribuindo esse tipo de vídeo via conexões robustas de banda larga. Como essas parcerias, a Sony, por exemplo, informa que seus TVs já podem captar um total de 1.300 títulos em 4K. Enquanto isso, LG, Samsung e Panasonic acabam de formar a UHD Alliance, em conjunto com grandes estúdios de Hollywood, com o objetivo de aumentar a oferta de conteúdos em 4K. Nos próximos meses, deveremos ter ainda boas notícias sobre Blu-ray 4K e outras opções em mídias físicas.

Uma imagem de boa qualidade não significa apenas resolução mais alta, mas também maior profundidade e maior gama de cores. Este ano, Samsung, LG, Sony e a chinesa TCL apresentaram na CES a tecnologia Quantum Dot, que amplia a paleta de cores e a luminosidade da tela Os nomes variam entre uma marca e outra: ColorPrime na LG, SUHD na Samsung, Triluminous na Sony e assim por diante.

O segredo está num filme de nanocristais que emitem cores diferentes. Essa tecnologia já existe há alguns anos, mas usava elementos tóxicos; recentemente, os fabricantes desenvolveram o filme para produção em alta escala e sem agredir o meio ambiente. Nos estandes da CES, os TVs com Quantum Dot se destacaram. As imagens contêm as milhares de variações de cores que nossos olhos conseguem enxergar – os TVs convencionais só reproduzem cerca de 100.

 

 

*Textos publicado originalmente no The Wall Street Journal. Para ler o original na íntegra, em inglês, clique aqui.

Os Grandes Sucessos e Fracassos na história da CES

vcr

vcrA história da International CES – antes chamada Consumer Electronics Show – começa em 1967. Inicialmente um desdobramento do Chicago Music Show, a Expo acabou se tornando um festival anual de inovação tecnológica. Mas, na verdade, a CES só passou a ter maior destaque a partir de 1970, quando a Philips lançou ali o Videocassette Recorder (VCR).

Os VCRs já existiam desde a década de 1950, mas custavam em torno de US$ 50.000 e eram usados principalmente em emissoras de televisão (no Brasil, era conhecidos como “videotape”). O lançamento da Philips (foto) permitiu que até o usuário comum gravasse seus programas de televisão preferidos para ver mais tarde. No ano do lançamento, o aparelho custava nos EUA aproximadamente US$ 900, valor que, atualizado para as cotações de hoje, equivaleria a US$ 5.000.

A seguir, uma lista das inovações lançadas na CES ao longo dos anos, algumas muito bem sucedidas, outras um fracasso total.

laserdisc2Laserdisc, 1974 – Os laserdiscs eram seis vezes maiores que os DVDs, e no entanto tinham capacidade de gravação muito menor. Enquanto nos DVDs o sinal é comprimido, nos LDs a gravação era feita num processo semelhante à dos discos de vinil. Só permitiam gravar uma hora de vídeo em cada lado do disco, ou seja, para assistir a um filme de duas horas era necessário virar no disco na metade. Apesar de sua aparência de alta tecnologia, o Laserdisc jamais chegou a superar o videocassete, e acabou se tornando totalmente obsoleto com a chegada do DVD.

 

betacamCamcorder, 1981 – As câmeras de vídeo já eram usadas por repórteres de televisão há décadas, mas a Sony Betacam foi a primeira que trouxe o dispositivo de gravação dentro da própria câmera. Isso tornou o ato de gravar tão simples que uma pessoa sozinha podia utilizar o aparelho. Pouco tempo depois, a Sony lançou as primeiras camcorders para consumo, que se conquistaram a preferência do público – até serem superadas pelo smartphone.

 

ced

 

CD, 1981 – Naquele mesmo ano, o compact disc foi mostrado pela primeira vez na CES, logo se transformando num sucesso mundial e virtualmente acabando com os discos analógicos e as fitas cassete. Durante anos, o CD foi a mídia preferida das pessoas que queriam consumir música, até que surgissem os downloads.

 

 

 

minidisc

 

MiniDisc, 1993 – Esta invenção da Sony foi criada com a ideia de substituir os CDs, mas o formato não conseguiu decolar. Os MDs tinham metade do tamanho de um CD e eram rewritable, ou seja, seu conteúdo podia ser apagado para novas gravações. Mas, em 1997, foi lançado o CD-RW (CD regravável), abrindo a possibilidade do próprio usuário fazer cópias de seus discos. Assim, a indústria não embarcou na ideia dos MiniDscs.

 

 


dvd

 

DVD, 1996 – Apesar de Netflix, iTunes e outros serviços inovadores de distribuição de conteúdos em vídeo, o DVD continua sendo o preferido da maioria das pessoas para ver filmes. Após ser lançado na CES, o DVD rapidamente aposentou as fitas VHS e o videocassete, e pelo menos até o momento não foi superado por seu sucessor, o Blu-ray.

 

 

1996-pippinPippin, 1996 – Um ano antes de Steve Jobs voltar para salvar a Apple, a empresa de Cupertino lançou na CES o Pippin, uma versão do computador Macintosh que também podia servir para games. A Apple licenciou a tecnologia para a Bandai, fabricante japonesa de brinquedos, mas a joint-venture acabou se revelando um enorme fracasso. O modem do Pippin, com velocidade de 14,4 Kilobits por segundo, era terrivelmente lento, e poucos jogos foram lançados para seu sistema operacional. Além disso, custava US$ 600, quase o dobro dos consoles Nintendo e Sega que existiam na época. Somente 10 mil unidades do Pippin foram vendidas nos EUA.

 

1998-HDTV

 

HDTV, 1998 – A primeira transmissão pública de TV em alta definição acontece em 1996, mas somente em 1998 em que os primeiros aparelhos desse tipo puderam ser vistos, na CES. Aqueles TVs custavam dezenas de milhares de dólares, mas os preços foram caindo rapidamente. Hoje, continuam dominando o mercado.

 

 

dvr

 

DVR, 1999 – O primeiro Digital Video Recorder foi desenvolvido em parceria entre a Microsoft e a Dish Network. O aparelho se transformou num grande sucesso entre os usuários de TV via satélite, e logo – com o lançamento do serviço TiVo – provocou uma revolução no segmento de cabo e no mercado de publicidade.

 

 

2001-XboxXbox, 2001 – No mesmo ano em que a Apple lançou o iPod (a empresa de Steve Jobs já não participava mais da CES), a Microsoft aproveitou o evento para apresentar seu primeiro console de videogame. Ficou longe de ser um sucesso, e nos anos seguintes foi superado largamente pelos modelos da Nintendo e pelo PlayStation, da Sony. Mas a Microsoft decidiu insistir, e sua paciência valeu a pena. Uma década depois, o Xbox se tornou o videogame mais vendido do mundo. Perdeu essa posição para o PS3, mas a versão atual (Xbox One) briga ombro a ombro com o PS4.

 

2002-WMCWindows Media Center, 2002 – Embora tenha sido lançado em 2002, a atualização de 2005 do WMC entrou para a história como um dos grandes fracassos da CES. Na época, Bill Gates costumar utilizar o evento para fazer seus famosos e concorridos keynote speeches, apresentando novos produtos e analisando as tendências da tecnologia em geral. Naquele ano, o apresentador de TV Conan O’Brien foi convidado a comandar na CES um bate-papo com Gates em que este faria uma demonstração do novo WMC.

Após várias tentativas inúteis de fazer o sistema funcionar diante da plateia, O’Brien comentou: “Mas quem é que está cuidando desta apresentação? Quem é que manda na Microsoft?” Sob risos gerais, a novidade caiu em descrédito e a empresa – até então apenas uma focada no segmento de informática – teve que amargar a primeira derrota  em seu plano de conquistar a sala de estar. Mais de dez anos passados, a Microsoft continua tentando e falhando; recentemente, assumiu que o Xbox não tem condições de ser um hub de entretenimento para o consumidor comum.

2003-bluray

 

Blu-ray, 2003 – O formato criado pela Sony supera o DVD em qualidade de som e imagem, mas isso ainda não foi suficiente para garantir seu êxito. A empresa teve uma dura batalha para torná-lo o padrão em discos de alta definição, e somente em 2008 conseguiu enfim derrotar o concorrente HD-DVD, da Toshiba, também lançado na CES. Mesmo sem derrotar o DVD, no entanto, pode-se afirmar que o Blu-ray é, sim, um sucesso.

 

2007-vista

 

Vista 2007 – Mais uma vez, a Microsoft apareceu com uma novidade: seu primeiro sistema operacional após seis anos com o bem-sucedido Windows. E foi um disastre. O Vista veio recheado de bugs, incompatibilidades, lentidão e irritantes mensagens de alerta. O episódio quase destruiu a reputação da Microsoft perante os consumidores.

 

 

palm

 

Palm Pre, 2009 – O primeiro smartphone da Palm na verdade nunca foi bem aceito. Embora houvesse boa aceitação do sistema operacional WebOS, o lançamento do Android, da Google, derrubou as chances do Palm de se tornar uma alternativa ao iPhone. Em 2010, a HP adquiriu o controle da empresa por US$ 1,2 bilhão; e o WebOS foi vendido à LG, que o utiliza em seus TVs.

 

2009-3D

 

TVs 3D, 2009 – Houve muita euforia na época, mas a verdade é que ninguém queria mesmo usar aqueles horrorosos óculos para ver TV. Em 2011, a ESPN – que havia liderado nos EUA o lançamento da alta definição – chegou a colocar no ar um canal de esportes em 3D, mas este nunca decolou. Foi fechado em 2013.

 

 

2011-xoom

 

Xoom, 2011 – O primeiro tablet desenhado para Android (com o nome de Honeycomb) foi um fracasso desastroso. As vendas foram péssimas, e a Motorola rapidamente desativou o projeto. Mas a Google, que adquiriu o controle da empresa, decidiu ir em frente, e a quantidade de tablets Android hoje é maior que a de iPads.

 

 

2012-lumia-900

 

Nokia Lumia, 2012 – O modelo Lumia 900 pode ter vencido a eleição “Best of CES”, mas em termos de vendas também foi um fracasso. Era um aparelho bonito, com uma ótima câmera, o primeiro smartphone realmente com um design diferente. Mas rodava Windows Phone, algo que poucos consumidores desejavam.

 

 

 

*Texto publicado originalmente no site da CNN. Para ler o original na íntegra, em inglês, clique aqui.

O que aprendi sobre TV
nas últimas semanas

CES 2015: Em busca da simplicidade

Por Norbert Hildebrand*

Nas duas últimas semanas, várias conferências e feiras em Nova York foram dedicadas ao mercado de TV nos EUA. Isso inclui todo o espectro: criadores de conteúdo, produtores, emissoras, redes e agências de publicidade. Trata-se de um negócio amplo, lucrativo e complexo, cada vez mais influenciado pelas novas tecnologias e novos consumidores.

Ouvindo todos os lados e como essas mudanças afetam cada um deles foi muito interessante. Antes desses encontros, minha impressão sobre o mercado de TV não levada em conta as transformações que esse setor vem sofrendo. Parecia que eles continuavam agindo da mesma maneira, sem nem olhar para os lados.

Tenho que admitir que estava errado. O mercado está bem consciente das mudanças; apenas não sabe aonde elas levarão e como lidar com elas. Quando analisávamos os segmentos de transmissão e distribuição de televisão, tínhamos uma visão muito simplista – tudo estaria relacionado às telas grandes. Sabíamos que grande parte dos conteúdos de vídeo é acessada em dispositivos móveis, mas não avaliamos o que isso significava.

Talvez achássemos que a TV móvel é apenas para jovens, mas claro que isso está longe da verdade. De acordo com as estatísticas divulgadas a cada trimestre, o hábito de cancelar a assinatura da TV paga (cord-cutting) é uma ameaça cada vez maior às operadoras. Existem várias maneiras de analisar o fenômeno, e para mim particularmente é mais fácil relatar o que já se passou do que discutir o futuro.

O que concluí nas últimas semanas é que o mercado de TV é altamente complexo, com uma estrutura relativamente frágil de grupos com objetivos diferentes, que aprenderam a trabalhar juntos. Sempre houve vencedores e perdedores, o que está dando certo este ano pode não vingar nos próximos anos. Tudo tem que levar em conta o interesse do público e, consequentemente, os números de audiência.

Conhecemos bem o mecanismo da audiência, mas frequentemente esquecemos que a decisão de renovar ou cancelar uma série de TV se baseia fundamentalmente no negócio. Baixa audiência significa menor receita publicitária, ou até mesmo prejuízo. Como cerca de 50% das receitas vêm da publicidade, fica fácil entender a equação.

Esse critério explica também por que o mercado se sente ameaçado por uma mudança no modelo de negócio como um toto. Muitos esperam uma espécie de “decolagem suave”, mas para ser honesto acho que isso não passa de pensamento positivo. Já existem diversas tendências apontando para uma mudança significativa. Eis aquelas que considero as mais importantes (sempre lembrando que se referem ao mercado americano):

*Assinaturas de TV paga estão e vão continuar caindo;

*Plataformas alternativas de vídeo irão crescer e atrair cada vez mais usuários;

*A compra de dados relativos aos consumidores, em todas as plataformas, será cada vez maior para permitir anúncios publicitários mais personalizados;

*As verbas de publicidade vão aumentar nas plataformas de vídeo digital;

*O mercado precisa de novas métricas para lidar com essas plataformas.

Assumindo que mais dinheiro será investido nas mídias digitais, conclui-se que haverá menos verbas para a TV linear. Essa queda pode ser lenta no momento, mas já é expressiva em certos grupos. Num dos painéis a que assisti, alguém informou que, hoje, 25% dos millenials (jovens nascidos nas década de 1990) já não assistem mais à TV linear. E esse grupo é o mais forte do país, em termos de consumo.

Caindo as receitas das operadoras (tanto em número de assinantes quanto de publicidade), alguns irão sentir o impacto mais cedo do que outros. Minha visão é que, embora todo mundo no mercado esteja percebendo isso, ninguém sabe exatamente o que fazer. Como sempre, haverá ganhadores e perdedores, mas a esta altura é difícil prever quem estará de que lado.

 

*Artigo publicado originalmente no site DisplayCentral. Clique aqui para ler o original, em inglês, na íntegra.

CES 2015: Em busca da simplicidade

show_floor

Por Larry Dignan*

A International CES é uma orgia de novos produtos, que demonstram as mais recentes tecnologias, as quais espera-se que venham a mudar nossas vidas. Este ano, temas como realidade virtual, impressão 3D e dispositivos vestíveis estão entre as principais atrações. Mas a característica que fará o sucesso (ou o fracasso) dessas tecnologias é a simplicidade.

Na realidade, os produtos lançados na CES raramente aparecem nas lojas antes de março ou abril. Alguns nem chegam a ser lançados – lembram-se das dezenas de leitores digitais apresentados anos atrás? As questões que mais me interessam são: até que ponto os novos produtos são simples de usar? Será que não trazem recursos demais? Existe um ecossistema de aplicativos fáceis em torno, por exemplo, dos aparelhos ligados à realidade virtual? Será que os chamados wearables não serão futuramente substituídos por relógios de pulso do tipo faz-tudo?

show_floorA história indica que a simplicidade é fator determinante para o sucesso dos produtos eletrônicos. Vistos pela lente da simplicidade, alguns tipos de sensores são mais importantes que os gadgets propriamente. Afinal, o grande benefício dessas tecnologias está no fato de poderem ser acionadas através de redes. A estrutura de uma rede acaba sendo mais decisiva do que os aparelhos que a formam.

Esta CES será um teste para a teoria de que os wearables podem fazer tudo! Claro, todos os fabricantes desse tipo de produto estão na expectativa do lançamento do Apple Watch, que promete exatamente isso: “fazer tudo”. Samsung, Motorola e várias outras empresas estão aderindo a essa moda.

Mas confesso que ainda não vi nada desses fabricantes indicando terem certeza de que essa será a tendência nos próximos anos. Já outras – como Jawbone e Withings – mostraram que a simplicidade realmente faz diferença. O sucesso ou fracasso do Apple Watch será decisivo.

O tema da simplicidade também se aplica a aparelhos de realidade virtual, como os óculos da Samsung e da Oculus. À primeira vista, não são acessórios intuitivos. Na verdade, há uma boa chance de que a realidade virtual – assim como a impressão 3D – seja mais útil nas empresas, antes de atraírem o consumidor final.

E, naturalmente, na CES haverá também uma grande quantidade de fabricantes de automóveis mostrando seus sistemas de entretenimento. No ano passado, a Google reuniu parceiros desse setor em torno da OAA (Open Automotive Alliance). Mas até agora não está claro o que esse grupo produziu, além de dois press-releases.

É esse tipo de coisa que me deixa cético em relação às perspectivas do sistema Android. Na prática, a indústria de tecnologia – tanto consumidores quanto empresas – está em busca de algo simples. Infelizmente, simplicidade é o maior desafio da engenharia. Parece que a CES 2015 irá provar isso mais uma vez.

*Texto publicado originalmente no site ZD Net. Clique aqui para ler o original, em inglês, na íntegra.

Quem irá resolver o problema da interoperabilidade?

iot

iotPor Amy-jo Crowley* 

Com o avanço da chamada IoT (Internet das Coisas), vários grupos vêm se movimentando para discutir os padrões de conexão que irão prevalecer nos próximos anos, talvez décadas. Por enquanto, não há consenso. Existem oficialmente seis propostas em discussão, cujas características detalhamos abaixo.

 

1.THREAD GROUP

Desenvolvido pelas empresas Samsung, ARM (fabricante de chips) e Nest Labs (esta pertencente à Google Inc), propõe-se a construir uma rede do tipo mesh, de baixa potência, como alternativa aos atuais Wi-Fi, Bluetooth etc. O padrão Thread utiliza a faixa de frequências de 2.4GHz, aproveitando padrões já existentes, como IEEE 802.15.4, IETF IPv6 e 6LoWPAN. Isso significa que aparelhos atuais compatíveis com o padrão ZigBee/6LoWPAN podem facilmente migrar para o Thread.

Este não se apoia numa central de distribuição (hub), como outras plataformas para smartphone, embora possa conectar mais de 250 produtos já lançados no mercado internacional. Nest já utiliza

o padrão Thread em seus famosos termostatos e detectores de fumaça, além de ter feito parceria com Mercedes-Benz, Whirtpool e a fabricante de lâmpadas LIFX para integrar esses produtos.

“O protocolo Thread combina o melhor de cada tecnologia existente para oferecer uma conexão melhor entre os produtos da casa”, diz Vint Cerf, um dos “pais” da internet, hoje evangelista-chefe da Google para a área de internet e consultor da divisão Thread.

 

  1. OIC (Open Interconnect Consortium)

Ao contrário do Thread, o consórcio OIC ainda está definindo suas especificações de conectividade sem fio para permitir que bilhões de aparelhos se comuniquem entre si. O padrão foi lançado em dezembro último por empresas como Intel, Samsung e Dell, entre outras, também com a estratégia de tirar proveito de tecnologias existentes, como Bluetooth, Wi-Fi e Zigbee. O plano é formalizar seu software de código aberto no terceiro trimestre do ano.

Neste momento, a entidade está focada em soluções para casas e escritórios inteligentes, pretendendo mais tarde dedicar-se aos chamados setores verticais, como saúde e automobilístico. Também há o projeto de criar uma certificação OIC.

 

3.AllSeen Alliance

Liderado pela Linux Foundation e pela fabricante de chips Qualcomm, este grupo já inclui grandes marcas, como LG, Sharp, Panasonic, Microsoft e Cisco. Atualmente, seus técnicos trabalham na ideia de criar um padrão para IoT baseado no código aberto AllJoyn, da Qualcomm – os membros poderm usar o código gratuitamente. A aliança conta com 51 entidades.

Com a entrada da Microsoft, concretizada na semana retrasada, o chairman da AllSeen, Liat Ben-Zur, acredita que a adoção do padrão poderá ser bastante acelerada. No entanto, recentemente o The New York Times publicou declaração de Imad Sousou, diretor da Intel, de que o padrão “não está sendo construído para permitir adoção em larga escala”.

O problema, segundo o jornal, é que outros membros do grupo, fabricantes de chips, não confiam na promessa da Qualcomm de abrir mão de seus direitos autorais.

 

4.HyperCat

Um grupo de 40 empresas sediadas no Reino Unidos – incluindo, IBM, ARM e British Telecom – desenvolveu um padrão para IoT chamado Hypercat. Trata-se de uma fina camada de interoperabilidade que permite a comunicação entre aparelhos como lâmpadas de iluminação pública e medidores inteligentes.

Como um catálogo de endereços, esse padrão permite que aplicativos “perguntem” aos bancos de dados que tipo de informações possuem e qual permissão é necessária para acessá-las, de modo que não é necessário o envolvimento humano. Hypercat pode navegar por computadores e servidores, procurar metadados e usar padrões como HTTPS, APIs e JSON. Hypercat foi desenvolvido nos últimos doze meses, em conjunto com universidades e startups, graças a um financiamento de aproximadamente US$ 10 milhões do governo britânico.

 

5.HomeKit

Esta é a plataforma anunciada em novembro pela Apple, como capaz de permitir a comunicação entre dispositivos como luzes, termostatos e fechaduras eletrônicas, tudo controlado a partir de aplicativos. Depois de apresentado na Conferência Mundial de Desenvolvedores da empresa, o software será parte integrante do sistema operacional iOS 8, desenhado para trabalhar com aparelhos inteligentes.

O protocolo sem fio também funciona com o serviço Siri, de tal maneira que um único comando de voz pode apagar luzes, fechar portas e ligar o ar condicionado, por exemplo. A Apple informa que, com isso, o usuário não precisará acessar aparelhos diferentes para cada finalidade. Fabricantes desses dispositivos já podem utilizar neles a expressão “Made for iPhone/iPad/iPod”.

Até o momento, existem 17 parceiros da Apple para o Homekit, incluindo três dos maiores fabricantes de lâmpadas (Philips, Osram e Sylvania), além da Texas Instruments e outros.

 

6.IIC (Industrial Internet Consortium)

No início de 2014, empresas como Intel, IBM, AT&T, GE e Cisco formaram este outro consórcio, que é gerenciado pelo OMG (Object Management Group). Seu foco está nos aplicativos industriais da internet, para sentores como indústria, exploração de gás e petrólio, transportes, serviços médicos etc. O grupo se dispõe a colaborar com outras entidades de pesquisa e órgãos de padronização técnica que estejam envolvidos na área de IoT.

*Artigo publicado originalmente no site Computer Business Review. Clique aqui para ler o original, em inglês, na íntegra.