Por Larry Dignan*
A International CES é uma orgia de novos produtos, que demonstram as mais recentes tecnologias, as quais espera-se que venham a mudar nossas vidas. Este ano, temas como realidade virtual, impressão 3D e dispositivos vestíveis estão entre as principais atrações. Mas a característica que fará o sucesso (ou o fracasso) dessas tecnologias é a simplicidade.
Na realidade, os produtos lançados na CES raramente aparecem nas lojas antes de março ou abril. Alguns nem chegam a ser lançados – lembram-se das dezenas de leitores digitais apresentados anos atrás? As questões que mais me interessam são: até que ponto os novos produtos são simples de usar? Será que não trazem recursos demais? Existe um ecossistema de aplicativos fáceis em torno, por exemplo, dos aparelhos ligados à realidade virtual? Será que os chamados wearables não serão futuramente substituídos por relógios de pulso do tipo faz-tudo?
A história indica que a simplicidade é fator determinante para o sucesso dos produtos eletrônicos. Vistos pela lente da simplicidade, alguns tipos de sensores são mais importantes que os gadgets propriamente. Afinal, o grande benefício dessas tecnologias está no fato de poderem ser acionadas através de redes. A estrutura de uma rede acaba sendo mais decisiva do que os aparelhos que a formam.
Esta CES será um teste para a teoria de que os wearables podem fazer tudo! Claro, todos os fabricantes desse tipo de produto estão na expectativa do lançamento do Apple Watch, que promete exatamente isso: “fazer tudo”. Samsung, Motorola e várias outras empresas estão aderindo a essa moda.
Mas confesso que ainda não vi nada desses fabricantes indicando terem certeza de que essa será a tendência nos próximos anos. Já outras – como Jawbone e Withings – mostraram que a simplicidade realmente faz diferença. O sucesso ou fracasso do Apple Watch será decisivo.
O tema da simplicidade também se aplica a aparelhos de realidade virtual, como os óculos da Samsung e da Oculus. À primeira vista, não são acessórios intuitivos. Na verdade, há uma boa chance de que a realidade virtual – assim como a impressão 3D – seja mais útil nas empresas, antes de atraírem o consumidor final.
E, naturalmente, na CES haverá também uma grande quantidade de fabricantes de automóveis mostrando seus sistemas de entretenimento. No ano passado, a Google reuniu parceiros desse setor em torno da OAA (Open Automotive Alliance). Mas até agora não está claro o que esse grupo produziu, além de dois press-releases.
É esse tipo de coisa que me deixa cético em relação às perspectivas do sistema Android. Na prática, a indústria de tecnologia – tanto consumidores quanto empresas – está em busca de algo simples. Infelizmente, simplicidade é o maior desafio da engenharia. Parece que a CES 2015 irá provar isso mais uma vez.
*Texto publicado originalmente no site ZD Net. Clique aqui para ler o original, em inglês, na íntegra.