Quem irá resolver o problema da interoperabilidade?

iotPor Amy-jo Crowley* 

Com o avanço da chamada IoT (Internet das Coisas), vários grupos vêm se movimentando para discutir os padrões de conexão que irão prevalecer nos próximos anos, talvez décadas. Por enquanto, não há consenso. Existem oficialmente seis propostas em discussão, cujas características detalhamos abaixo.

 

1.THREAD GROUP

Desenvolvido pelas empresas Samsung, ARM (fabricante de chips) e Nest Labs (esta pertencente à Google Inc), propõe-se a construir uma rede do tipo mesh, de baixa potência, como alternativa aos atuais Wi-Fi, Bluetooth etc. O padrão Thread utiliza a faixa de frequências de 2.4GHz, aproveitando padrões já existentes, como IEEE 802.15.4, IETF IPv6 e 6LoWPAN. Isso significa que aparelhos atuais compatíveis com o padrão ZigBee/6LoWPAN podem facilmente migrar para o Thread.

Este não se apoia numa central de distribuição (hub), como outras plataformas para smartphone, embora possa conectar mais de 250 produtos já lançados no mercado internacional. Nest já utiliza

o padrão Thread em seus famosos termostatos e detectores de fumaça, além de ter feito parceria com Mercedes-Benz, Whirtpool e a fabricante de lâmpadas LIFX para integrar esses produtos.

“O protocolo Thread combina o melhor de cada tecnologia existente para oferecer uma conexão melhor entre os produtos da casa”, diz Vint Cerf, um dos “pais” da internet, hoje evangelista-chefe da Google para a área de internet e consultor da divisão Thread.

 

  1. OIC (Open Interconnect Consortium)

Ao contrário do Thread, o consórcio OIC ainda está definindo suas especificações de conectividade sem fio para permitir que bilhões de aparelhos se comuniquem entre si. O padrão foi lançado em dezembro último por empresas como Intel, Samsung e Dell, entre outras, também com a estratégia de tirar proveito de tecnologias existentes, como Bluetooth, Wi-Fi e Zigbee. O plano é formalizar seu software de código aberto no terceiro trimestre do ano.

Neste momento, a entidade está focada em soluções para casas e escritórios inteligentes, pretendendo mais tarde dedicar-se aos chamados setores verticais, como saúde e automobilístico. Também há o projeto de criar uma certificação OIC.

 

3.AllSeen Alliance

Liderado pela Linux Foundation e pela fabricante de chips Qualcomm, este grupo já inclui grandes marcas, como LG, Sharp, Panasonic, Microsoft e Cisco. Atualmente, seus técnicos trabalham na ideia de criar um padrão para IoT baseado no código aberto AllJoyn, da Qualcomm – os membros poderm usar o código gratuitamente. A aliança conta com 51 entidades.

Com a entrada da Microsoft, concretizada na semana retrasada, o chairman da AllSeen, Liat Ben-Zur, acredita que a adoção do padrão poderá ser bastante acelerada. No entanto, recentemente o The New York Times publicou declaração de Imad Sousou, diretor da Intel, de que o padrão “não está sendo construído para permitir adoção em larga escala”.

O problema, segundo o jornal, é que outros membros do grupo, fabricantes de chips, não confiam na promessa da Qualcomm de abrir mão de seus direitos autorais.

 

4.HyperCat

Um grupo de 40 empresas sediadas no Reino Unidos – incluindo, IBM, ARM e British Telecom – desenvolveu um padrão para IoT chamado Hypercat. Trata-se de uma fina camada de interoperabilidade que permite a comunicação entre aparelhos como lâmpadas de iluminação pública e medidores inteligentes.

Como um catálogo de endereços, esse padrão permite que aplicativos “perguntem” aos bancos de dados que tipo de informações possuem e qual permissão é necessária para acessá-las, de modo que não é necessário o envolvimento humano. Hypercat pode navegar por computadores e servidores, procurar metadados e usar padrões como HTTPS, APIs e JSON. Hypercat foi desenvolvido nos últimos doze meses, em conjunto com universidades e startups, graças a um financiamento de aproximadamente US$ 10 milhões do governo britânico.

 

5.HomeKit

Esta é a plataforma anunciada em novembro pela Apple, como capaz de permitir a comunicação entre dispositivos como luzes, termostatos e fechaduras eletrônicas, tudo controlado a partir de aplicativos. Depois de apresentado na Conferência Mundial de Desenvolvedores da empresa, o software será parte integrante do sistema operacional iOS 8, desenhado para trabalhar com aparelhos inteligentes.

O protocolo sem fio também funciona com o serviço Siri, de tal maneira que um único comando de voz pode apagar luzes, fechar portas e ligar o ar condicionado, por exemplo. A Apple informa que, com isso, o usuário não precisará acessar aparelhos diferentes para cada finalidade. Fabricantes desses dispositivos já podem utilizar neles a expressão “Made for iPhone/iPad/iPod”.

Até o momento, existem 17 parceiros da Apple para o Homekit, incluindo três dos maiores fabricantes de lâmpadas (Philips, Osram e Sylvania), além da Texas Instruments e outros.

 

6.IIC (Industrial Internet Consortium)

No início de 2014, empresas como Intel, IBM, AT&T, GE e Cisco formaram este outro consórcio, que é gerenciado pelo OMG (Object Management Group). Seu foco está nos aplicativos industriais da internet, para sentores como indústria, exploração de gás e petrólio, transportes, serviços médicos etc. O grupo se dispõe a colaborar com outras entidades de pesquisa e órgãos de padronização técnica que estejam envolvidos na área de IoT.

*Artigo publicado originalmente no site Computer Business Review. Clique aqui para ler o original, em inglês, na íntegra.