As duas maiores redes de televisão do país (Globo e SBT) já trabalham com um cenário em que não será possível oferecer sinal de TV digital a todos os municípios, como previsto no cronograma do governo. A crise econômica e uma série de dificuldades logísticas indicam que dificilmente será cumprido o prazo de desligar os transmissores analógicos até 2018.
Num debate sobre o assunto, realizado nesta terça-feira durante o Congresso da SET, em São Paulo, executivos do setor questionaram o cronograma e lamentaram a impossibilidade de planejamento a longo prazo. “Temos tudo planejado até 2017, mas para 2018 os investimentos podem ser impactados”, disse Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo.
Segundo ele, a emissora já digitalizou 105 geradoras e 350 retransmissoras, cobrindo aproximadamente 130 milhões de usuários. A meta é chegar a 2018 com cobertura de 172 milhões de pessoas. “A maior dificuldade está nos municípios até 20 mil habitantes”, explica Barros. “O custo por habitante é muito alto, e a maioria dessas cidades só recebem sinal de TV graças aos investimentos das prefeituras.”
O SBT deverá ser ainda mais cuidadoso na transição da TV analógica para o padrão digital: serão atendidas somente as cidades com mais de 50 mil habitantes. “Abaixo dessa linha, vamos investir apenas em cidades estratégicas”, diz Roberto Franco, vice-presidente da rede.