Por Redação Home TheaterLançado mundialmente nos cinemas no final de 2013, o padrão de processamento Dolby Atmos ganhou rapidamente o mercado de entretenimento. Aos poucos, passou a ser adotado também em sistemas residenciais, com o lançamento de receivers AV que permitem expandir a reprodução sonora a níveis antes inimagináveis.
Como toda inovação, Dolby Atmos provoca uma série de dúvidas e até especulações. Até porque já surgiram padrões concorrentes, como DTS:X e Auro-3D, que oferecem basicamente os mesmos recursos. Como já aconteceu na implantação do processamento surround, e mais tarde com os padrões de alta resolução do formato Blu-ray, as duas empresas (Dolby e DTS) permanecem numa interminável corrida de superação.
Isso, claro, é ótimo para o consumidor. Mas, para tirar proveito dessas inovações, é importante entender os objetivos de se instalar um padrão de áudio que vai muito além do home theater tradicional. Por isso, separamos aqui algumas das questões que têm surgido com mais frequência:
O que significa Dolby Atmos e por que devo usá-lo?
Dolby Atmos, DTS:X e Auro-3D são softwares de áudio que permitem a expansão das ondas sonoras, com precisão e controle, numa área maior do ambiente. No surround convencional, os sinais saem das caixas acústicas e chegam diretamente aos ouvidos, ou são refletidos pelas paredes e/ou objetos existentes na sala. Os novos padrões processam os sinais de tal maneira que as ondas se espalham em diversas direções, ocupando inclusive a região mais alta, sobre as cabeças dos ouvintes. Na prática, isso produz um envolvimento muito maior, o que pode ser explorado (ou não) pelos produtores dos filmes, séries etc.
Quais as principais diferenças entre Dolby Atmos e os padrões de processamento conhecidos?
Atmos é um software que não se baseia no número de canais (5, 7, 9 etc.), mas sim na posição e na importância dos sons dentro de cada cena. Em inglês, isso é explicado como audio object: refere-se a cada som particular que aparece nos filmes e séries, como o ronco de um avião, um grito, um tiro, um carro derrapando. São os sons que passam ao espectador a sensação de estar “dentro da cena”. Na mixagem, o produtor do filme pode agora decidir onde quer que cada som apareça, no ambiente doméstico, ou onde o espectador deve perceber aquele som para se sentir mais envolvido.
Esse recurso não pode soar muito artificial?
Ao contrário. Partindo do princípio de que os sons dos filmes são, quase todos, uma ilusão de áudio (muitos são criados em computador), a expansão só pode ser benéfica. No processamento convencional, cada canal tem suas limitações. Na produção, o diretor ou engenheiro de áudio tem que imaginar onde estarão posicionadas as caixas acústicas na sala do usuário. Agora, isso não faz tanto sentido: o software Atmos, seja num cinema ou numa residência, é que determina quais caixas serão usadas em cada momento, de acordo com a intenção do diretor.
Na prática, quantas caixas são necessárias para isso?
Não importa o número de caixas. Podem ser as cinco de um sistema 5.1, ou até 34, segundo os cálculos da Dolby. O padrão Atmos é muito mais flexível e adaptável do que o surround baseado em canais; neste, trabalha-se com uma quantidade determinada: 7.1, por exemplo, equivalem a sete caixas espalhadas pela sala mais um subwoofer. Não importa quais sejam os sons do filme, é assim que o usuário irá ouvi-los. No Atmos, ele pode adicionar mais caixas para aumentar o nível de detalhamento, mas isso não é necessário. O processamento é feito pelo receiver, de acordo com o que está codificado no filme (clique aqui para ver alguns modelos já à venda no Brasil).
Como saber se o filme que estou comprando ou alugando possui essa codificação?
Por enquanto, ainda são poucos os títulos disponíveis (um deles éTransformers – veja aqui trailer). Mas o fato de ser um padrão maleável com certeza irá ajudar na disseminação do Atmos. Os grandes lançamentos de cinema já estão sendo exibidos dessa forma, e logo virão suas versões em Blu-ray ou streaming. Todas terão os logotipos “Dolby Atmos” e/ou “DTS-X” para identificá-las.
Receivers com mais canais de áudio são melhores para reprodução em Atmos?
A questão, mais uma vez, não está no número de canais, e sim no software que vem embutido no receiver. Hoje, existem modelos de até 13 canais. Normalmente, são aparelhos com mais potência e circuitos mais avançados para gerenciá-los. A opção, claro, é de cada fabricante. Teoricamente, Atmos pode trabalhar com até 34 caixas acústicas, sendo 24 no chão e 10 no teto ou na parte alta das paredes. Evidentemente, isso só faz sentido em grandes espaços.
É obrigatória a instalação de caixas no teto?
Não, existem módulos para caixas de piso que permitem direcionar parte das ondas sonoras para a região alta da sala. Nesse caso, o software – que segundo a Dolby se baseia em estudos psicoacústicos – aproveita os rebatimentos do teto e das paredes para distribuir o som de modo a otimizar o envolvimento. Quando se tem caixas embutidas no teto, a percepção de envolvimento tende a ser maior. Já estão surgindo também caixas de piso com o software integrado, que permitem ao usuário escolher como deseja a reprodução (Atmos ou surround).
Pode-se instalar um sistema Atmos em qualquer tipo ou tamanho de sala?
A princípio, sim. O software foi desenhado para se adaptar a qualquer ambiente. Tanto que é usado em cinemas de grande e de pequeno porte, com ou sem revestimentos acústicos e número variável de alto-falantes. O que a Dolby recomenda, apenas, é que o teto seja plano. E o pé-direito não deve ser muito alto, caso contrário os efeitos serão mais difíceis de perceber.