Uma das principais diferenças entre a International CES e a CEDIA Expo nos últimos anos tem sido o foco em vídeo. Este ano, a Feira de Las Vegas não foi exceção, transformando o pavilhão central numa festa para os olhos.
Para os consumidores americanos, um dos produtos mais importantes foi o Hopper 3, equipamento para gravação digital (DVR) da operadora DISH, que conta com processador de quatro núcleos (quad-core) e com isso amplia em sete vezes a velocidade de processamento. Possui nada menos do que 16 tuners, de forma que todo mundo na casa pode, a qualquer momento, assistir e/ou gravar seu conteúdo preferido de TV, sem conflitos.
São sete processamentos simultâneos de áudio e vídeo, sendo que o Hopper 3 ainda é compatível com sinal 4K; a DISH anunciou na CES um acordo com a Sony Pictures para entrega de filmes diretamente nesse dispositivo. Gostei também do modo Sports Bar: o Hopper 3 pode reproduzir quatro imagens Full-HD ao mesmo tempo num TV 4K.
Bem, o pavilhão central da CES é onde os maiores fabricantes exibem suas inovações, em estandes enormes. No da LG, por exemplo, pudemos ver uma gigantesca demo da tecnologia OLED. Os visitantes entravam num enorme salão escuro e eram rodeados por uma imensa parede de displays. Do lado externo, outros paineis OLED mostrando imagens em 4K 3D.
Já o espaço preparado pela rival Samsung, talvez o maior da feira em metragem, dava a impressão de uma fortaleza sem fim. Eram 44 displays SUHD de 65 polegadas se movendo e exibindo imagens variadas e contínuas.
No estande da Sony, montaram uma espécie de corredor, com telas também gigantes abrindo espaços para demonstrações de áudio (incluindo Hi-Res), vídeo 4K, PlayStation, câmeras e o Life Space UX, desenhado como área da “vida no futuro”.
Somente a Panasonic não deu tanta atenção ao vídeo, preferindo se concentrar em aplicações corporativas e B2B; além, é claro, de um espaço para os visitantes experimentarem sua enorme variedade de câmeras.
Entre as tecnologias que se destacaram este ano na CES, o traço comum – independente do fabricante – foi o padrão de processamento HDR (High Dynamic Range). Também foi atração em estandes menos concorridos, como os das chinesas TCL, Changhong, HiSense, Konka e TPV (Philips), mostrando que o HDR deve chegar ao mercado de massas em breve.
A UHD Alliance, que coordena os esforços nesse campo, estabeleceu dois critérios para um aparelho ser identificado como “HDR”. O primeiro é que o TV deve ser compatível com o protocolo SMPTE ST2084 EOTF (Electrical Optical Transfer Function). Segundo: oferecer pelo menos uma entre duas combinações de intensidade de brilho (peak brightness) e profundidade de preto (black level depth): acima de 1.000 nits de brilho com menos de 0,05 nits de preto; ou mais de 540 com 0,0005 nits (1).
Um dos displays mais impressionantes que vimos foi o Backlight Master Drive, da Sony. Na verdade, trata-se mais de uma tecnologia que um equipamento propriamente. É usada para aumentar a precisão do painel de backlight com leds de maior densidade, que produzem imagens incrivelmente profundas e pretos ultra-escuros, mas com picos de brilho na faixa de 4.000 nits! O resultado foram imagens admiráveis, contraste próximo ao dos OLED, mas com ainda mais brilho e detalhamento. Infelizmente, a Sony não permitiu fotografias do equipamento, somente de sua nova Série-D de displays Bravia, com suporte a HDR.
Falando sobre OLED, a LG continua focando nessa tecnologia, e em seu estande exibiu grande variedade de displays para destacar seus benefícios. Com exceção da Sony (explicada no parágrafo anterior), é de fato o equipamento mais avançado em termos de profundidade de preto. Mas também a Panasonic agora investe no OLED, com belíssimo display de 65” especificado em 1.000 nits. No entanto, só tem lançamento previsto para a Europa, por ora.
Vale lembrar que a Samsung também demonstrou displays OLED, mas apenas para uso comercial. São os TVs transparentes, usados em sinalização digital. Parece ser uma tendência nesse segmento, pois além de boas imagens dos produtos permite apresentar também informações gráficas e textos aos usuários.
Todos sabíamos que na CES deste ano seriam mostrados os players Blu-ray UHD. Mas, curiosamente, ainda é baixa a quantidade de informações a respeito. Anuncia-se que os players e discos serão lançados comercialmente ainda neste primeiro trimestre, e no entanto somente quatro fabricantes apresentaram seus modelos na Feira. Samsung e Philips citaram preços abaixo de US$ 400, enquanto a Panasonic visa por enquanto apenas alguns países europeus.
Dos players que vimos funcionando, o Panasonic sem dúvida foi o que mostrou melhor desempenho, com sua certificação THX. O da Philips tem design curioso, sem painel frontal, lembrando um DVD player portátil. E o da Samsung parece mesmo um modelo convencional. A empresa chinesa montou até um espaço para filmes a ser lançados em disco Blu-ray UHD, informando que serão 30 de início e chegando a 100 até o final do ano. Cada disco virá com link para download do conteúdo.
Também interessante foi que a Sony, mesmo não lançando um novo player Blu-ray, exibiu na CES um player digital 4K. E anunciou para breve um serviço próprio de streaming, chamado “Ultra”.
Por fim, enquanto todo mundo pensa em 4K, a CES nos trouxe também 8K. LG, Samsung e a chinesa Konka fizeram demonstrações, sendo que a primeira tinha um modelo de 98” que promete iniciar a produção no segundo semestre.
Clique aqui para ver mais detalhes da cobertura da CES 2016.
*Projetista e consultor especializado, escreve habitualmente para o site Residential Systems. Clique aqui para ler o texto original, na íntegra.
(1) nit = candela por m2, sendo candela a unidade equivalente à luz de uma vela; SMPTE (Society of Motion Picture and Television Engineers) é a entidade internacional que homologa esses padrões. Mais detalhes, neste link.