Mesmo com baixa oferta de conteúdo, a tecnologia Ultra HD (4K) está se espalhando rapidamente. Nos principais países, as vendas de TVs convencionais estagnaram, mas isso não acontece no segmento de telas grandes e de altíssima resolução. Em paralelo, produtores de conteúdo multiplicam as formas de se obter imagens mais nítidas, usando os recursos da internet. Sem falar que os discos Blu-ray 4K estão chegando.
Em todos os grandes eventos internacionais recentes de tecnologia, os fabricantes apresentaram essas novas atrações. Os displays Full-HD praticamente sumiram, dando espaço a demonstrações de tudo que pode ser feito com os modelos 4K. E não é pouco. Essa tecnologia passa a ser adotada por todos os segmentos: emissoras, operadoras de satélite, provedores de internet, produtores independentes e estúdios de cinema.
O Brasil é um caso à parte, pois ainda há regiões que nem recebem sinal Full-HD. Apesar disso, quem for hoje comprar um TV novo já deve pensar em 4K: os preços caíram e as comparações resultam em ótimo custo-benefício. E, com a facilidade das atualizações online, não há mais por que temer que seu aparelho se torne obsoleto tão cedo.
O melhor exemplo disso talvez seja a conexão HDMI, que já causou muita confusão. Com a padronização 2.0, todos os fabricantes lançaram TVs compatíveis com sinal 4K; para receber os sinais com maior gama de cores, basta fazer a atualização para HDMI 2.0a, no próprio site da marca. Cabo e conector são os mesmos, mudam apenas os códigos que identificam a informação de vídeo.
No mundo digital é assim. Um TV vem equipado com processadores que o transformam num super computador. A imagem também é digitalizada e, com as atuais técnicas de compressão e manipulação, fica cada vez mais parecida com uma imagem real.
Um desses processadores é o responsável pelo chamado upscaling: aumentar a quantidade de pixels de maneira que uma imagem HD seja vista como se fosse UHD. Com isso, é possível assistir à maioria dos programas, tanto na TV aberta quanto na fechada, com uma definição bem próxima de algo que tenha sido originalmente gravado em 4K.
Isso vale para todas as marcas de TVs, que utilizam painéis internos muito similares. As diferenças, quando existem, estão na eficiência dos processadores de vídeo. Estes precisam captar sinais de todas as fontes – emissoras, discos, internet etc. – e trabalhar sobre eles para uma reprodução mais homogênea. Aí entra uma outra vantagem da tecnologia 4K: a quantidade de pixels é tão grande que quase não há espaço entre eles, e a maioria das pessoas não consegue enxergá-los.
Pode parecer que não, mas isso faz diferença quando se coloca lado a lado um modelo Full HD e um Ultra HD, como já fizemos diversas vezes em nossa sala de testes. Observados à mesma distância, a imagem do segundo se destaca, e mais ainda olhando de perto. Assim, quem não tem muito espaço em casa pode trocar de TV sem a antiga preocupação de que haverá perda de qualidade.
Mas, claro, a resolução 4K foi desenvolvida para telas grandes. Nestas, o impacto visual é sempre maior, e certas imagens têm tamanha profundidade que parecem ter sido captadas em 3D. A maioria dos fabricantes oferece TVs 4K a partir de 43 polegadas, chegando até 85” (no Exterior, já existem modelos de 120”). Clique aqui para ver um slideshow A questão é adequar o tamanho da tela ao ambiente: quando se assiste a uma distância curta, é maior o esforço dos olhos para acompanhar as cenas, e isso pode gerar cansaço visual.
Os processadores de um TV, hoje, também devem ser eficientes na navegação entre os canais lineares, a internet e os inúmeros aplicativos oferecidos. A facilidade de acesso ao Netflix, YouTube e demais serviços sob demanda atrai muitos consumidores. Há ainda as redes sociais, jogos, os apps desenvolvidos pelos próprios fabricantes e o recurso, cada vez mais usado, de compartilhar na tela do TV conteúdos dos smartphones. Só os TVs 4K oferecem essas possibilidades. E, daqui a pouco, quando chegarem osplayers Blu-ray 4K, é nesses TVs que essas imagens poderão ser assistidas.
ONDE ENCONTRAR CONTEÚDO 4K?
Embora lentamente, está aumentando a oferta de vídeos para quem quer aproveitar ao máximo a tecnologia 4K. E a principal fonte é a internet. As emissoras abertas não têm planos de transmitir sinal 4K tão cedo; ainda reina grande confusão no processo de transição do padrão analógico para o digital, e é possível que quando isso se resolver já estejamos na era do 8K (que os japoneses prevêem para 2020).
No segmento de TV por assinatura, embora alguns canais estejam produzindo em 4K, a dificuldade é distribuir esse sinal. A resolução ultra-alta exige maior faixa (bandwidth), e os métodos de compressão ainda precisam ser aperfeiçoados. Hoje, se uma operadora colocasse no ar um filme ou documentário, por exemplo, haveria o risco de travar toda a rede, prejudicando a distribuição dos outros canais.
A opção de empresas como Globosat e HBO, por exemplo, é criar aplicativos para isso. No Globosat Play 4K, o usuário pode acessar séries e até conteúdos ao vivo, através de um dispositivo conectado à internet (veja neste vídeo como funciona). Pode ser um tablet, notebook, smartphone ou o próprio TV. Desde o ano passado, o canal Multishow vem se acostumando a exibir ao vivo, em 4K, eventos musicais como Rock in Rio, Rolling Stones, Lollapalooza e os desfiles de Carnaval, especialmente produzidos pela equipe da Globosat. A empresa diz que está aumentando a oferta de conteúdos em 4K.
O único requisito nesses casos é que a conexão de banda larga na casa do usuário seja robusta e estável (pelo menos, 25 Megabits por segundo). No Netflix, a exigência é a mesma, com a diferença de que há hoje mais conteúdos disponíveis, especialmente séries (não se pode assistir eventos ao vivo). É importante lembrar que os serviços de vídeo online possuem softwares que monitoram o fluxo de sinal o tempo todo. Se, numa residência, duas ou três pessoas estão utilizando a internet ao mesmo tempo, a velocidade tem de ser compartilhada. O software então reduz a qualidade da transmissão, já que o sinal de vídeo ocupa a maior parte da banda.
O mesmo acontece com Vimeo e YouTube, este o serviço que oferece a maior variedade de conteúdos em 4K (e que é gratuito). São, quase sempre, vídeos curtos produzidos pelos próprios usuários, ou por produtoras independentes, mas de excelente qualidade. Um problema do YouTube é que os vídeos 4K são codificados no padrão de compressão VP9, que nem todos os TVs aceitam.
E há, por fim, os serviços 4K mantidos pelos próprios fabricantes, como Panasonic, LG, Sony e Samsung. Sua ideia é ir habituando as pessoas a esse tipo de resolução. Assim como aconteceu com o HD há cerca de dez anos, depois que se começa a ver regularmente imagens em 4K, é difícil se contentar com outra coisa.
4K: FAÇA VOCÊ MESMO
Mais rápida que a produção de estúdios e emissoras é a evolução do usuário, especialmente aquele que sabe usar câmeras e smartphones para criar seus próprios conteúdos.
Alguns smartphones já à venda no Brasil permitem gravar vídeos 4K (e compartilhar) apenas com alguns toques na tela. Havendo memória suficiente para salvá-los, ou uma conexão local para enviá-los a um servidor remoto, tudo acaba sendo muito simples. Também estão se tornando comuns as “câmeras de ação”, modelos portáteis que podem ser montados em carros, motos e bicicletas, ou presos junto ao corpo.
Já existe uma leva de action cams, assim como câmeras semiprofissionais, mais pesadas e com maior variedade de recursos, também capazes de gravar em 4K até debaixo d’água.
BeoVision Avant 75” – Show de design da dinamarquesa Bang & Olufsen, com gabinete em alumínio e áudio surround integrado; painel backlight do tipo Local-dimming. Disponível também em 55” e 85”.
Philips Android 7100 55” – Google Cast (para compartilhar imagens de smartphone) e demais aplicativos Google estão entre os recursos deste modelo, que tem processador de games e memória interna de 8GB. Também em 49”.
LG UF9500 79” – Faz parte da série Color Prime, que tem painel interno de nanocristais, aumentando a intensidade das cores. Vem com áudio interno Harman Kardon, sistema operacional Web OS e decoder HEVC para streaming 4K da internet. Veja aqui o teste.
Samsung JS 9500 88” – Compatível com sinais codificados em HDR (mais contraste), HEVC (streaming 4K da internet) e VP9 (YouTube 4K). Inclui painel de nanocristais, processador de oito núcleos, sistema operacional Tizen e módulo One Connect, que atualiza as conexões. Também em 78”.
Panasonic TC-55CX640B 55” – Com sistema operacional Firefox, possui navegador próprio e menu smart que pode ser configurado pelo usuário. O processador de vídeo adiciona tons de azul e magenta para tornar as imagens mais vivas. Há ainda a versão 50”.
Sony XBR-75X855C 75” – Tela ultrafina, com painel interno de nanocristais, oferece todos os recursos do sistema operacional Android. Vem com dois controles, um deles com microfone embutido (veja teste completo). Também em 65”.
Semp Toshiba 65L8400 65″ – Único no mercado brasileiro com a plataforma smart Opera, passou em nossos testes graças à simplicidade de funcionamento e aos efeitos 3D impactantes. Mostrou também boa qualidade de upconversion (veja a avaliação). Também pode ser encontrado em 49” e 55”.