Os fones de ouvido já estão incorporados à paisagem. Jovens (principalmente) e adultos os utilizam em várias atividades diárias: ouvir música em dispositivos móveis, assistir vídeos no computador, conversar pelo telefone celular e pela web (VoIP).
Em princípio, são acessórios úteis, pois evitam que o som que interessa a uma pessoa seja ouvido por todos os demais em locais fechados. Também nos dão ‘uma mãozinha’, ao não ter de segurar um aparelho para ouvir música ou conversar
Como sempre, porém, os exageros podem colocar a saúde em risco. Mais especificamente, a audição. Há pessoas que põem o som em volume tão alto que este ‘vaza’ dos fones e é ouvido pelos vizinhos de banco no ônibus ou no metrô. Sem perceber, começam também a gritar em lugar de falar ao telefone e em reuniões de trabalho, porque estão acostumados com o barulho.
O ideal seria que os fones fossem usados com parcimônia, e não por longas horas seguidas. E que o volume não ultrapassasse a graduação ‘5’, em uma escala de 0 a 10. Além disso, não se deve comprá-los em camelôs, sem nota fiscal nem procedência. Eles têm de ser, também, higienizados da maneira recomendada no manual de instruções, pois estão em contato com as orelhas, que têm secreções como qualquer parte do corpo. Podem ser contaminados, então, por vírus e bactérias.
Os cuidados visam à qualidade da audição quando passarmos dos 50 anos. Hoje, o jovem pode achar engraçadas estas considerações, pois ouve bem, sem qualquer problema de saúde. No futuro, contudo, poderá ter problemas auditivos em consequência dos excessos cometidos ao longo da vida. A expectativa de vida no Brasil, em algumas regiões, já se aproxima dos 80 anos. Em média, está acima dos 70 anos. Viver duas ou três décadas sem escutar direito nos privaria de momentos muito importantes de convívio familiar e de lazer.
Eu, por exemplo, quero continuar ouvindo um bom rock’n’roll também na velhice.
Use os fones com cautela e bom senso. Sua audição será preservada e você terá mais qualidade de vida.
*Médico Otologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) entre 2014 e 2015.