Na década de 1980, o áudio digital para consumo estava na sua infância e era nitidamente inferior aos sistemas analógicos ditos “high-end”. Alguns CDs lançados na época eram simples transferências de LPs virgens, que reproduziam o rumble do toca-discos utilizado na transferência, além de eventuais estalos de estática e os pré-ecos resultantes do armazenamento das fitas master analógicas nos estúdios de gravação.
Já os DACs (“digital to analog converter” – conversor digital para analógico) soavam muito industriais e pouco musicais, com um som extremamente limpo e livre de chiados, porém carecendo dos micro detalhes necessários para uma reprodução sonora plena.
Por último, a masterização para esta nova mídia dava os seus primeiros passos e muitos engenheiros, técnicas e tecnologias ainda estavam por vir.
Os arquivos de áudio de alta resolução já são uma realidade e se igualam ou mesmo superam a qualidade da reprodução dos sistemas high-end em vinil. Repetindo. Se igualam ou mesmo superam a qualidade da reprodução dos sistemas high-end em vinil.
Se no CD convencional temos 44.100 amostras por segundo com 16 bits, atualmente os formatos “lossless” de alta resolução como o FLAC (“Free Lossless Audio Codec”) e o ALAC (“Apple Lossless Audio Codec) utilizam 88.200, 96.000, 176.400, 192.000 e até 384.000 amostras por segundo, com 24 bits, e trazem a sala de masterização literalmente para a sala de estar.
Outro formato denominado DSD (Direct Stream Digital) comporta entre 2,8 milhões e 11,7 milhões de amostras por segundo, com 1 bit para mais ou para menos!
Tais formatos podem ser implementados em arquivos para download em computadores ou em mídias ópticas como o DVD-Audio, o Super Audio CD (SACD) e o Blu-Ray Audio, com cada faixa musical com centenas de Gigabytes de altíssima fidelidade.
DACs, prés e players
Um fone de ouvido pode ser melhor apreciado com o uso de um DAC ou pré-amplificador, que entregam um sinal com a intensidade e a impedância necessárias para o funcionamento ótimo do primeiro.
Enquanto as placas de áudio dos desktops, notebooks e celulares podem reproduzir arquivos como o FLAC com até um certo número de amostras por segundo, o fato de estarem integradas às placas mães e expostas às verdadeiras tempestades eletromagnéticas no interior dos dispositivos torna mandatório o uso de DACs externos, geralmente conectados às portas USB ou Thunderbolt.
Softwares denominados “players” otimizam a reprodução dos arquivos de alta resolução no computador ao organizar o conteúdo e gerenciar questões cruciais como sincronismo, gerenciamento de memória, conversão de taxas de amostragem e formatos e demais tecnicalidades ligadas ao áudio digital. O meu favorito é o JRiver Media Center que se encontra na versão 22 e pode ser adquirido em: https://www.jriver.com/download.html
Já os pré-amplificadores são geralmente utilizados com fones de impedâncias superiores a 200 Ohms e sensibilidades da ordem de 95 dB e soam infinitamente superiores às saídas de fone encontradas em CD players, receivers e dispositivos multimídia portáteis.
Um pré-amplificador pode ter múltiplas entradas, permitindo seu uso com dispositivos portáteis, e uma saída tipo “loop-through” (cascata), que entrega o sinal proveniente de uma entrada para outros dispositivos de amplificação, como amplificadores integrados e receivers.
Com diversos formatos físicos, desde um pen-drive convencional até unidades monolíticas de mesa, e configurações eletrônicas que incluem o uso de transistores com especificações militares e de válvulas termiônicas, os DACs e pré-amplificadores são indispensáveis e estão cada vez mais em evidência.
DIA ETERNO COM SOMBRAS FLUTUANTES
O Fábio Golfetti é uma cara genial. Guitarrista exímio, fundou a banda Violeta de Outono e excursiona o mundo com o GONG, duas das minhas bandas progressivas psicodélicas favoritas. Produtor musical de nível internacional, ele domina as tecnologias de criação como poucos.
Pedi a ele que gerasse um single à moda antiga com duas músicas do Violeta de Outono no formato FLAC, em 24 bits e 96 KHz, com “Dia Eterno” no lado A e a instrumental “Sombras Flutuantes” no lado B.
“Dia Eterno” foi um hit das FM´s no final dos anos 80 e tem uma pegada bem rock and roll, enquanto “Sombras Flutuantes” é mais “viajandona” com técnicas e efeitos de guitarra bem anos 60.
Duas faixas muito bem gravadas e remasterizadas e que no formato FLAC podem ser utilizadas para avaliar fones de ouvido e demais transdutores. Muito provavelmente, é o primeiro lançamento do gênero no Brasil e pode ser saboreado ao clicar nos links abaixo:
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Boa viagem!