Michel Kuaker foi guitarrista do Yo-ho-delic, banda paulistana de metal e funk que fez muito barulho no início da década de 1990. Desde então vem produzindo artistas do cenário alternativo, como Tape e Scandurra, CPM 22, Vespas Mandarinas, Supla e Lobotomia, entre outros.
Seu estúdio Wah Wah é um verdadeiro laboratório de pesquisas sonoras. Um dos últimos trabalhos de Michel Kuaker é o disco de estréia da banda mineira The Spacetime Ripples, chamado “The Legend Of Creation”. Confira o trabalho da banda em www.thespacetimeripples.com.
Aqui, conversamos com Michel sobre fones de ouvido, é claro.
Alexandre Algranti* – O que você faz para cuidar da sua saúde auditiva?
Michel Kuaker – Eu me preocupo muito com isso justamente por ser a minha ferramenta de trabalho. Qualquer show que eu vá, sempre estou levando protetor auricular. Esses simples mesmo, não aqueles gradativos e tudo mais. Aqueles de silicone simples que você compra em farmácia. Não vou a nenhum show sem isso. Às vezes, levo até em cinema e em lugares que têm o som muito alto.
Então, a primeira coisa que faço para cuidar da minha saúde auditiva é isso. Também sempre procuro ter tempos de silêncio. Ao chegar em casa depois de horas de gravações, é muito difícil eu escutar alguma coisa. Tem uma fadiga auditiva. Fiz de uns anos para cá umas consultas com o otorrino para ver como estava a minha audição, se havia perdas; obviamente, na minha idade já tive perdas, estou chegando nos 50, então é normal um pouco de perda.
A limpeza dos ouvidos também é importante, tomar cuidado com a água que entra no ouvido durante o banho. Mantenho meus ouvidos sempre limpos. Enfim, é ir regularmente ao otorrino, sempre usar protetor auricular para qualquer situação do som um pouco mais elevado e sempre cuidar da limpeza dos ouvidos também.
Selecionamos duas faixas em 24 bits / 44,1 KHz da banda The Spacetime Ripples, produzidas por Michel Kuaker, para você baixar e curtir: I Got Music e Single Day. Faça os downloads, e boas audições!
I got Music
Single Day
AA – Qual a importância do fone de ouvido no seu trabalho?
MK – Uso fones em todas as situações que você pode imaginar. Quando busco uma referência, recentemente baixei um arquivo do solo de Eric Clapton em “While My Guitar Gently Weeps”, uso os fones para buscar os timbres dos amplificadores de guitarra. No meu estúdio, tenho um par de monitores KRK V8 e um par de Yamaha NS-10, mas o fone me ajuda a buscar os timbres certos quando busco uma referência. Outra aplicação importante vai desde a pré-produção até a mixagem: sempre escuto minhas mixagens nos fones.
No fone que eu uso no meu dia a dia, um AKG 450 on-ear para caminhar e andar de bicicleta; até o meu Audio-Technica M50x, que uso no estúdio, as pré-produções, as mixagens, por que nas prés é muito importante eu saber se a música está soando bem, se está agradável, o arranjo, e tudo isso é muito importante escutar no fone. A maioria das pessoas escuta no fone hoje em dia. No metrô, nas ruas, todo mundo está com fones nas orelhas. Tenho certeza que quando soa bem nos fones vai soar bem na maioria dos lugares. É uma segurança que eu tenho. Nunca vou soltar uma mixagem sem escutar nos meus fones. E no som ao vivo, mixando o PA ou os monitores, sempre estou usando fones. Para concluir, o fone de ouvido é uma ferramenta fundamental no meu trabalho.
AA – Alguma dica na hora de usar fones em produções no estúdio ou ao vivo?
MK – É muito importante trabalhar com um fone de qualidade, que você conheça e confie no que está escutando. O fone é uma das referências, é muito importante para o técnico ter o fone como seu fiel escudeiro. No meu estúdio, escuto músicas que eu gosto para ver como é que soam. Ao escutar com o fone, você tem uma referência, você sabe como ele reage, como são os graves, médios e agudos, você está acostumado a escutar música nele. Vai ser de grande ajuda na mixagem, quando você estiver buscando as coisas na sua panorâmica para distribuir. Não tenho subwoofer no meu estúdio, mas o fone Audio-Technica reproduz os graves que os monitores não. Sempre trabalho com um analisador de espectro, mas o fone é um guia.
AA – Que tipo de fone você prefere usar quando ouve música: in-ear, on-ear ou over-ear?
MK – Fones in-ear me incomodam. O mais confortável é o over-ear: cobre a orelha, você fica ali naquele mundo maravilhoso. Só uso on-ear quando estou na rua. O AKG K450 é um on-ear com som OK, que acabou virando uma referência para mim. Em casa, porém, vou de over-ears. É gostoso.
AA – Qual o playlist no seu dispositivo móvel? Com ou sem compressão? Em HR Audio?
MK – Kraftwerk, Brian Eno na fase de música para aeroportos e sons do espaço, gosto de sons minimais. Jazz é um dos meus pilares, estudei no CLAM do Zimbo Trio, então Charles Mingus, Miles Davis, Sonny Rollins, John Coltrane, Wayne Shorter. E no rock, Greta Van Fleet, Eeels, Artic Monkeys. Sempre escuto os clássicos: Hendrix, Stones, The Who, The Clash e Iggy Pop. E Strokes, já tem 20 anos! No dispositivo móvel é com MP3, mas em casa é qualidade CD, 16/44.1 e FLACs em HiRes Audio.
AA – OK Kuaker, muito obrigado pelo prestígio. E pelos arquivos em Hi-Res Audio também!
*Alexandre Algranti é o Chief Headphone Officer do site fonesdeouvido.com.br. Leitores deste blog tem 10% de desconto em qualquer compra no site com o código HT2018.