Pensou em pesquisa de mercado sobre eletrônicos de consumo, pensou Futuresource Consulting. Há quase trinta anos a empresa britânica, baseada na bucólica cidade de Hertfordshire, provê serviços de pesquisa e consultoria que geram previsões e relatórios de inteligência de mercado nos segmentos de áudio e vídeo profissional, eletrônicos de consumo, tecnologias educacionais, mídia e entretenimento, impressão e tecnologias de armazenamento.
A empresa estimou o valor do mercado global de eletrônicos em 2017 no pitoresco valor de US$ 666 bilhões, sendo consideráveis US$ 12,5 bilhões só em fones de ouvido. Conversamos com o simpático Jack Wetherill, analista sênior para a área de eletrônicos de consumo, sobre o mercado, as tecnologias e das bandas alemãs de música eletrônica que todos gostam.
Alexandre Algranti – Conte-nos sobre a Futuresource.
Jack Wetherill – A Futuresource é uma empresa de pesquisa de mercado com cerca de 30 anos onde pesquisamos e estimamos demandas, tendencias tecnicas para todos os tipos de produtos eletrônicos de uso doméstico e de entretenimento doméstico. Cobrimos tambem o segmento B2B como displays, tecnologias para educação e finalmente os mercados de áudio e vídeo profissional.
Nossos clientes incluem os fabricantes de equipamento, as gravadoras e os estudios de Hollywood, além dos players novos como o Spotify.
Qualquer um pode assinar ou comprar os nossos relatórios individualmente, é só acessar o site https://www.futuresource-consulting.com.
AA – Você conduz pesquisas específicas para fabricantes ? Se um fabricante de fones de ouvido baseado na Mogólia quiser um pesquisa sobre o mercado da Australásia vocês conduzem tal pesquisa ?
JW – Sim, conduzimos para um dado mercado, tecnologia ou região específicos. Não conheço muitos fabricantes de fones baseados na Mongólia mas os receberemos de braços abertos.
AA – Qual a importância da categoria fones de ouvido no mercado global de eletrônicos de consumo ? São mais de 14 bilhões de ouvidos sadios para se cobrir imagino…
JW – Em termos de faturamento, o mercado global de eletrônicos de consumo em 2018 foi da ordem de 666 bilhões de dólares com um crescimento de 3% sobre o ano anterior. Já o mercado de fones de ouvido totalizou 12,5 bilhões de dólares. Ambos os números se referem ao faturamento dos fabricantes para os distribuidores e revendas. É importante ressaltar que o mercado de fones de ouvido cresceu 23% em 2018.
AA – Os fones de ouvido são a tábua de salvação de um mercado altamento comoditizado e com margens muito baixas…
JW – A questão aqui é se dá para ganhar dinheiro. Acredito mais no mercado de acessórios e no mercado de áudio high-end.
AA – Qual o tamanho do mercado global de fones de ouvido nas categorias de entrada, intermediário e premium ?
JW – Em termos de volume, e com dados de 2017, a categoria de entrada, para nós abaixo de 50,00 dólares no varejo, possui 73%. Já a categoria intermediária, com preços entre 50,00 dólares e 199,00 dólares, possui 24,0 %. Por último, a categoria premium com valores superiores a 199,00 dólares possui 4 %. Temos observado que o crescimento do mercado tem se concentrado no segmento intermediário.
Em termos de faturamento, o segmento de entrada possui 24%, com o segmento intermediário com 55% e o segmento premium com 21%.
AA – Quem são os líderes de mercado global de fones de ouvido nas categorias de entrada, intermediário e premium ?
JW – Em 2017 tivemos a Sony, a Philips e a JVC no segmento de entrada, Sony, Beats e Apple no intermediário e Beats e Sony no segmento premium.
AA – Muito interessante. Eu pensava que marcas premium com Sennheiser, AKG e Audio-Technica, Koss estariam entre os líderes no segmento premium.
JW – Estamos considerando produtos com quantidades de massa.
AA – Quais são as principais tecnologias que estão impulsionando os chamados smart headphones ? A Beyerdynamic já incorpora um aplicativo para compensar a perda auditiva. Já a Audeze incorporou giroscópios no seu fone Morpheus para games.
JW – As tecnologias sem fio True Wireless e com cancelamento de ruído adaptivas são as principais. Muitos fabricantes de produtos de baixo custo já estão oferecendo estas tecnologias. A tecnologia de sensores para melhorar a experiência sonora e para uso em aplicacões de fitness estão migrando do telefone e da pulseira para o fone de ouvido. Já os sensores de proximidade detectam que você retirou o fone e cessam a reprodução e colocam o fone em standby. E por último, a interação direta com assistentes de voz sem ter que passar pelo telefone.
AA – Bypassar o telefone seria muito bom, teríamos um smart headphone realmente autônomo.
JW – É um dos motivos do crescimento do mercado, os fones de ouvido com cada vez mais recursos que os enriquecem.
AA – A Sennheiser e a KEF fizeram parcerias respectivamente com a Christian Dior e a Porsche Design no segmento premium. Existe uma tendência no mercado de cobranding com marcas de luxo para diferenciar ainda mais os produtos ?
JW – Algumas marcas como a Beats obtiveram sucesso em associar a sua marca a algumas celebridaders e ser vista como uma marca de moda. A Louis Vouitton se aliou com a empresa Master & Dynamic nos EUA. As marcas premium tem que garantir a manutenção da qualidade do produto. E tomar cuidado com a reputação da celebridade. Outra questão é que a marca de luxo ou a celebridade podem ofuscar a marca do fone de ouvido.
AA – Você vê a industria de equipamentos médicos entrando no mercado de fones d e ouvido ? Imagine uma empresa como a Omron que desenvolvesse um dispositivo pra usar na cabeça que mede o seu bem estar e reproduz música. Ou um produto voltado aos deficientes visuais.
JW – A Beats fez o ato de usar algo sobre os ouvidos uma coisa cool. O mesmo ocorreu com os aparelhos auditivos. Estamos começando uma pesquisa sobre o que chamamos de “hearables”, produtos que fazem parte dos mercados de fones de ouvido e de aparelhos auditivos e promovem um realce da audição. O modelo Hearphone da Bose me parece ser o ponto de partida desta nova categoria. Foi muito interessante encontrar fabricantes de aparelhos auditivos na última CES.
AA – Seria fantástico se houvesse um fone de ouvido para deficientes visuais. Com lasers e feedback auditivo e háptico.
JW – É um conceito maravilhoso que já está quase aqui. O Google Maps já guia você passo a passo nas ruas.
AA – O que os governos podem fazer para para prevenir a perda auditiva entre crianças e adolescentes ? A OMC recentemente publicou uma série de recomendações para limitar a exposição sonora que incluem o uso de aplicativos de monitoração como o HearAngel que tratamos recentemente.
JW – Isto está relacionado com o quanto você quer que o governo interfira nas vidas das pessoas. Fabricantes já incorporam dispositivos para limitar o volume como no iPhone. Não quero que os meus filhos percam a audição e se houver uma forma de fazer isto sem legislação então é melhor. Mas se não tiver jeito cada país irá resolver esta questão de acordo com a sua filosofia política.
AA – E o que está rolando no seu playlist ?
JW – Sou fã de música eletrônica, dos primórdios do Jean Michel Jarre e do Kraftwerk. O Tangerine Dream. O Niels Frahm faz um trabalho muito interessante.
Jack, muito obrigado. Caso eu conhecer algum fabricante de fones de ouvido na Mongólia irei dar o seu contato para ele.
*Alexandre Algranti é o Chief Headphone Officer do site fonesdeouvido.com.br. Leitores deste blog tem 5% de desconto em qualquer compra no site com o código HT2018.