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Uma das raras boas notícias do governo federal nos últimos anos foi o incentivo à instalação de painéis captadores de energia solar em empresas e residências pelo país afora. No ano passado, foi zerada a tarifa de importação desses aparelhos, ao mesmo tempo em que despontam inúmeros fabricantes nacionais e, mais ainda, empresas especializadas em projetos e instalação.
Os dados da ANEEL e da ABSOLAR, entidade que reúne as empresas do setor, são de fato empolgantes. Somente no primeiro trimestre deste ano, o mercado de painéis solares gerou 15% mais megawatts do que em todo o ano passado, que já tinha crescido 62% sobre 2020. De 2017 até 2021, o crescimento médio anual foi de 49%, com queda superior a 50% no custo do MW.
O Brasil ficou no ano passado em 4o lugar entre os países que mais geraram energia solar (5.7Gigawatts) e está atualmente em 13o na capacidade instalada acumulada (13.6GW), segundo a ABSOLAR. São números que chamam a atenção do mundo, como mostra o evento Intersolar Europe, que está sendo realizado esta semana em Munique (vejam aqui).
Não por acaso, a edição sul-americana do evento acontecerá em São Paulo, em agosto, com previsão de recorde de expositores (este é o link). Outro dado interessante da ABSOLAR: a energia solar produzida no país já representa 70% de toda a gerada por Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.
Tudo isso se deve a uma conjunção de fatores, não apenas aos incentivos do governo. Há uma crise hídrica rondando as casas dos brasileiros desde 2018 (neste inverno, deveremos voltar a sentir seus efeitos). Os preços da energia elétrica subiram absurdamente, e não se vê qualquer medida concreta governamental para reorganizar o setor, ainda mais em ano eleitoral (baixar as tarifas na canetada, já se sabe que não funciona).
E temos em paralelo o fenômeno da conscientização da sociedade sobre a necessidade de se investir em energias renováveis. Carros elétricos ainda são uma miragem para a maioria das pessoas, mas a demanda por painéis solares mostra que muitos entenderam os sinais da natureza. Ainda que uma unidade de captação seja cara (não se gasta menos de R$ 10 mil), especialistas dizem que esse investimento mais do que vale a pena.
Com uma economia mensal da ordem de 90% na conta de luz, consegue-se amortizar aquele valor em menos de cinco anos – claro, tudo dependendo de quanto se consome. Enfim, eis aí um grande negócio para todos os envolvidos.