Exatamente seis meses atrás, comentávamos aqui a delicada questão da segurança nas redes corporativas, com aspectos que também têm a ver com redes de automação residenciais, especialmente as sem fio. Agora, uma reportagem da Folha de São Paulo joga mais luz no problema, ouvindo especialistas que levantam outros pontos.
Aparelhos que ficam 24 horas conectados – roteadores e dispositivos de alarme com monitoramento remoto, por exemplo – exigem mais cuidados. “É difícil roubar dados invadindo um roteador sem fio, mas é fácil redirecioná-lo para outro lugar”, diz Marcos Simplício, do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores, da USP. “Você, por exemplo, pode achar que está entrando no site do seu banco, mas está em um site falso e pode ter seus dados roubados”.
Um foco de preocupação – em todo o mundo, aliás – são os dispositivos de IoT (Internet das Coisas). Todos são pensados para facilitar o acionamento e a interoperabilidade, só que isso não pode se sobrepor à questão da segurança.
Matter exige mais segurança
Simplicio lembra que é mais difícil roubar dados de uma Smart TV ou uma lâmpada Wi-Fi, por exemplo, aparelhos que não têm muita capacidade de processamento. Só que, quando tudo está interconectado, já não é tão complicado para um hacker usar esses aparelhos para chegar até o roteador ou computador da casa.
Não por acaso, a especificação 1.0 do padrão Matter de automação sem fio, que acaba de ser divulgada (veja aqui), inclui normas de segurança que serão obrigatórias para a certificação dos produtos pela CSA (Connectivity Standards Alliance).
Como escrevemos aqui em abril, invadir redes residenciais não é prioridade dos bandidos, mais interessados em bancos e grandes empresas. Mas já ficou provado que o mundo cibernético evolui de forma muito mais rápida do que nós, usuários, somos capazes de acompanhar. E, como dizia o sábio Millôr Fernandes, o preço da liberdade é a eterna vigilância.