Lançada no Brasil em 2014, a tecnologia 4K levou oito anos para se consolidar como a preferência do consumidor brasileiro. Neste final de ano, as vendas desse tipo de TV chegaram a metade do total no país, considerando modelos a partir de 42”, segundo estimativas do varejo.
Como o tamanho da tela continua sendo o fator que mais motiva o consumidor ao trocar de TV, modelos com resolução 4K acabam sendo os mais procurados – hoje, praticamente todos com tela de 50” ou maior são 4K. E a oferta de telas grandes só vem aumentando.
Segundo o Guia de TVs 4K e 8K, em 2022 foram lançados quase 120 modelos 4K, de 9 marcas diferentes, multiplicando as opções de escolha para o consumidor. Em entrevistas, os três principais fabricantes – Samsung, LG e TCL – confirmam que essa foi uma aposta certeira, coroada no 2º semestre, quando a demanda explodiu em função da Copa do Mundo.
Muito mais opções em tamanho de tela
“Nossa previsão é chegar ao final 2º semestre com 30 pontos percentuais a mais que no primeiro”, diz Cintia Viani, gerente de marketing da LG. Segundo ela, o lançamento de novidades como a linha OLED ampliada – agora em tamanhos de 42” até 83” – e a aposta em recursos mais avançados, como Dolby Atmos e painel de 120Hz, atraíram mais consumidores para as TVs de categoria premium.
Na LG, TVs 4K – entre as linhas LED, OLED, QNED e NanoCell – somaram este ano 49% das vendas, enquanto as Full-HD ficaram com apenas 20% das vendas; ainda há um mercado expressivo para as HD (31%).
O quadro é similar ao apresentado por outras marcas. Guilherme Campos, gerente de produto TV da Samsung, líder de mercado, cita como exemplo a categoria 65”, que este ano passou a ser a mais procurada pelos consumidores. “Houve um crescimento de 46%”, diz ele, referindo-se às três linhas que a Samsung comercializa atualmente: Crystal LED, QLED e NeoQLED (veja o teste).
“As QLED premium dobraram em vendas, embora isso tenha muito a ver, é claro, com a Black Friday e a Copa. Notamos que, ao trocar de TV, o consumidor aposta numa compra melhor do que faria normalmente”.
Telas maiores aumentam o faturamento
Quando se fala em vendas de TVs, é sempre bom ressaltar que os números são diferentes para “unidades vendidas” e “valores faturados”. Os modelos de tamanho maior, com preços mais altos, representam maior faturamento para os fabricantes (e margens de lucro maior para os varejistas). Por isso, há um esforço enorme da indústria para incentivar os consumidores a fazer o upgrade.
Na TCL, marca chinesa que mais cresceu no país nos últimos anos (está em 3º lugar, logo atrás da LG), ainda é de 60% a participação das TVs HD e FHD, embora a curva esteja se acentuando em favor do 4K, como explica Maximiliano Dominguez, diretor de Engenharia e Produtos da TCL:
“Esse crescimento é orgânico: hoje, qualquer TV acima de 50” já é 4K. E a maioria dos consumidores decide pelo tamanho, desde que, é claro, caiba em seu orçamento. Por isso a nossa preocupação em oferecer mais recursos tecnológicos a preços adequados à realidade brasileira”.
Além dos LED convencionais, a TCL comercializa no Brasil as linhas QLED e MiniLED, destacando os modelos com sistema operacional Google TV (“um grande atrativo, só o fato de ser Google já chama a atenção do consumidor”, diz Dominguez).
Curiosamente, o principal lançamento da TCL em 2022 foi uma TV acessível a pouquíssimos consumidores: a C735, de incríveis 98 polegadas (veja aqui).
Consumidor está voltando às lojas físicas
A coincidência entre dois grandes eventos para a indústria eletrônica – Black Friday e Copa do Mundo – agitou lojas e consumidores, exigindo planejamento antecipado por parte dos fabricantes. Mas não resultou em vendas duplicadas, embora ainda não se tenha dados oficiais.
As promoções começaram em setembro e certamente motivaram muitos consumidores a ir às compras. Um fenômeno interessante foi a volta das pessoas às lojas físicas, invertendo a tendência de maior consumo pelos meios online.
“A jornada de compra hoje não é mais linear”, explica Cintia Viani, da LG. “Os meios físico e digital estão cada vez mais integrados. Um consumidor está dentro da loja, só que pesquisando preços no celular. Outro faz a compra online e vai retirar o produto na loja. O vendedor da loja física hoje atende pelo WhatsApp. E nossos promotores precisam estar também dentro da loja online para acompanhar os movimentos dos consumidores”.
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