A história da International CES – antes chamada Consumer Electronics Show – começa em 1967. Inicialmente um desdobramento do Chicago Music Show, a Expo acabou se tornando um festival anual de inovação tecnológica. Mas, na verdade, a CES só passou a ter maior destaque a partir de 1970, quando a Philips lançou ali o Videocassette Recorder (VCR).
Os VCRs já existiam desde a década de 1950, mas custavam em torno de US$ 50.000 e eram usados principalmente em emissoras de televisão (no Brasil, era conhecidos como “videotape”). O lançamento da Philips (foto) permitiu que até o usuário comum gravasse seus programas de televisão preferidos para ver mais tarde. No ano do lançamento, o aparelho custava nos EUA aproximadamente US$ 900, valor que, atualizado para as cotações de hoje, equivaleria a US$ 5.000.
A seguir, uma lista das inovações lançadas na CES ao longo dos anos, algumas muito bem sucedidas, outras um fracasso total.
Laserdisc, 1974
Os laserdiscs eram seis vezes maiores que os DVDs, e no entanto tinham capacidade de gravação muito menor. Enquanto nos DVDs o sinal é comprimido, nos LDs a gravação era feita num processo semelhante à dos discos de vinil. Só permitiam gravar uma hora de vídeo em cada lado do disco, ou seja, para assistir a um filme de duas horas era necessário virar no disco na metade. Apesar de sua aparência de alta tecnologia, o Laserdisc jamais chegou a superar o videocassete, e acabou se tornando totalmente obsoleto com a chegada do DVD.
Camcorder, 1981
As câmeras de vídeo já eram usadas por repórteres de televisão há décadas, mas a Sony Betacam foi a primeira que trouxe o dispositivo de gravação dentro da própria câmera. Isso tornou o ato de gravar tão simples que uma pessoa sozinha podia utilizar o aparelho. Pouco tempo depois, a Sony lançou as primeiras camcorders para consumo, que se conquistaram a preferência do público – até serem superadas pelo smartphone.
CD, 1981
Naquele mesmo ano, o compact disc foi mostrado pela primeira vez na CES, logo se transformando num sucesso mundial e virtualmente acabando com os discos analógicos e as fitas cassete. Durante anos, o CD foi a mídia preferida das pessoas que queriam consumir música, até que surgissem os downloads.
MiniDisc, 1993
Esta invenção da Sony foi criada com a ideia de substituir os CDs, mas o formato não conseguiu decolar. Os MDs tinham metade do tamanho de um CD e eram rewritable, ou seja, seu conteúdo podia ser apagado para novas gravações. Mas, em 1997, foi lançado o CD-RW (CD regravável), abrindo a possibilidade do próprio usuário fazer cópias de seus discos. Assim, a indústria não embarcou na ideia dos MiniDscs.
DVD, 1996
Apesar de Netflix, iTunes e outros serviços inovadores de distribuição de conteúdos em vídeo, o DVD continua sendo o preferido da maioria das pessoas para ver filmes. Após ser lançado na CES, o DVD rapidamente aposentou as fitas VHS e o videocassete, e pelo menos até o momento não foi superado por seu sucessor, o Blu-ray.
Pippin, 1996
Um ano antes de Steve Jobs voltar para salvar a Apple, a empresa de Cupertino lançou na CES o Pippin, uma versão do computador Macintosh que também podia servir para games. A Apple licenciou a tecnologia para a Bandai, fabricante japonesa de brinquedos, mas a joint-venture acabou se revelando um enorme fracasso. O modem do Pippin, com velocidade de 14,4 Kilobits por segundo, era terrivelmente lento, e poucos jogos foram lançados para seu sistema operacional. Além disso, custava US$ 600, quase o dobro dos consoles Nintendo e Sega que existiam na época. Somente 10 mil unidades do Pippin foram vendidas nos EUA.
HDTV, 1998
A primeira transmissão pública de TV em alta definição acontece em 1996, mas somente em 1998 em que os primeiros aparelhos desse tipo puderam ser vistos, na CES. Aqueles TVs custavam dezenas de milhares de dólares, mas os preços foram caindo rapidamente. Hoje, continuam dominando o mercado.
DVR, 1999
O primeiro Digital Video Recorder foi desenvolvido em parceria entre a Microsoft e a Dish Network. O aparelho se transformou num grande sucesso entre os usuários de TV via satélite, e logo – com o lançamento do serviço TiVo – provocou uma revolução no segmento de cabo e no mercado de publicidade.
Xbox, 2001
No mesmo ano em que a Apple lançou o iPod (a empresa de Steve Jobs já não participava mais da CES), a Microsoft aproveitou o evento para apresentar seu primeiro console de videogame. Ficou longe de ser um sucesso, e nos anos seguintes foi superado largamente pelos modelos da Nintendo e pelo PlayStation, da Sony. Mas a Microsoft decidiu insistir, e sua paciência valeu a pena. Uma década depois, o Xbox se tornou o videogame mais vendido do mundo. Perdeu essa posição para o PS3, mas a versão atual (Xbox One) briga ombro a ombro com o PS4.
Windows Media Center, 2002
Embora tenha sido lançado em 2002, a atualização de 2005 do WMC entrou para a história como um dos grandes fracassos da CES. Na época, Bill Gates costumar utilizar o evento para fazer seus famosos e concorridos keynote speeches, apresentando novos produtos e analisando as tendências da tecnologia em geral. Naquele ano, o apresentador de TV Conan O’Brien foi convidado a comandar na CES um bate-papo com Gates em que este faria uma demonstração do novo WMC.
Após várias tentativas inúteis de fazer o sistema funcionar diante da plateia, O’Brien comentou: “Mas quem é que está cuidando desta apresentação? Quem é que manda na Microsoft?” Sob risos gerais, a novidade caiu em descrédito e a empresa – até então apenas uma focada no segmento de informática – teve que amargar a primeira derrota em seu plano de conquistar a sala de estar. Mais de dez anos passados, a Microsoft continua tentando e falhando; recentemente, assumiu que o Xbox não tem condições de ser um hub de entretenimento para o consumidor comum.
Blu-ray, 2003
O formato criado pela Sony supera o DVD em qualidade de som e imagem, mas isso ainda não foi suficiente para garantir seu êxito. A empresa teve uma dura batalha para torná-lo o padrão em discos de alta definição, e somente em 2008 conseguiu enfim derrotar o concorrente HD-DVD, da Toshiba, também lançado na CES. Mesmo sem derrotar o DVD, no entanto, pode-se afirmar que o Blu-ray é, sim, um sucesso.
Vista 2007
Mais uma vez, a Microsoft apareceu com uma novidade: seu primeiro sistema operacional após seis anos com o bem-sucedido Windows. E foi um disastre. O Vista veio recheado de bugs, incompatibilidades, lentidão e irritantes mensagens de alerta. O episódio quase destruiu a reputação da Microsoft perante os consumidores.
Palm Pre, 2009
O primeiro smartphone da Palm na verdade nunca foi bem aceito. Embora houvesse boa aceitação do sistema operacional WebOS, o lançamento do Android, da Google, derrubou as chances do Palm de se tornar uma alternativa ao iPhone. Em 2010, a HP adquiriu o controle da empresa por US$ 1,2 bilhão; e o WebOS foi vendido à LG, que o utiliza em seus TVs.
TVs 3D, 2009
Houve muita euforia na época, mas a verdade é que ninguém queria mesmo usar aqueles horrorosos óculos para ver TV. Em 2011, a ESPN – que havia liderado nos EUA o lançamento da alta definição – chegou a colocar no ar um canal de esportes em 3D, mas este nunca decolou. Foi fechado em 2013.
Xoom, 2011
O primeiro tablet desenhado para Android (com o nome de Honeycomb) foi um fracasso desastroso. As vendas foram péssimas, e a Motorola rapidamente desativou o projeto. Mas a Google, que adquiriu o controle da empresa, decidiu ir em frente, e a quantidade de tablets Android hoje é maior que a de iPads.
Nokia Lumia, 2012
O modelo Lumia 900 pode ter vencido a eleição “Best of CES”, mas em termos de vendas também foi um fracasso. Era um aparelho bonito, com uma ótima câmera, o primeiro smartphone realmente com um design diferente. Mas rodava Windows Phone, algo que poucos consumidores desejavam.