Em suas viagens pelo Brasil visitando casas e apartamentos, a equipe da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL às vezes se depara com erros nos projetos. Pelo que constatamos, na maioria dos casos são conflitos entre os gostos e hábitos dos proprietários (ou de seus arquitetos) e as regras técnicas seguidas pelos integradores de home theater e automação.
Alguns erros são mais graves que outros, mas em todos os casos selecionados aqui chama atenção a ideia de “quebra-galho”. Dá a entender que alguns usuários não se preocupam com detalhes técnicos que podem fazer (e geralmente fazem mesmo) a diferença no desempenho do equipamento.
Muitas residências são visitadas, e algumas até exibem belos espaços, mas nem todas são publicadas pela revista. Felizmente, esse quadro está mudando para melhorar, e a qualidade geral dos projetos evoluindo bem. Confira aqui alguns problemas que você pode evitar em seu próximo projeto:
CAIXA CENTRAL NO CHÃO
Neste apartamento, a ideia foi priorizar a tela da TV (75”). Pena que não se deu a mesma atenção ao som. Além das caixas direita e esquerda muito afastadas uma da outra, a caixa central foi parar no chão. Dessa forma, dificilmente se tem os diálogos dos filmes circulando na altura dos ouvidos, que é o ideal. Assim, se compromete duplamente o envolvimento sonoro.
FLORES NA FRENTE DA TELA
Flores e plantas são bonitas e saudáveis em qualquer ambiente, mas não em tanta quantidade, e cobrindo a tela como se vê aqui. Seu lugar correto seria nas laterais. O sofá principal já está a uma boa distância da tela, que deveria ser a “atração principal” da sala.
PROJETOR SEM CORTINA BLACKOUT
Hoje em dia, as pessoas utilizam muito a TV durante o dia. Neste apartamento, você não vê, mas há uma TV atrás da tela de projeção. Mas a foto serve para ilustrar um erro comum, que é instalar projetor em salas com entrada de luz externa. A projeção fica muito prejudicada com isso. O correto seria instalar uma rotina blackout (em tom escuro) para diminuir a luz na sala.
REFLEXOS SOBRE A TELA
Este outro caso confirma a importância de controlar a entrada de luz no ambiente. A TV, que é muito reflexiva, acaba sendo muito afetada pela grande janela lateral. Para complicar, atrás do sofá há dois quadros de vidro na parede. Mais reflexo sobre a tela.
SOFÁ: ONDE FICA O CONFORTO?
Neste belo apartamento, a ideia deve ter sido ousar nos móveis e na decoração. OK, só que os sofás escolhidos não servem para ver TV. A tela, no caso, passa a ser mero objeto decorativo. Existem sofás de muito bom gosto para essa finalidade.
QUANDO O RECEIVER NÃO CABE NO MÓVEL
Aqui, o problema foi o desenho do móvel que acomoda os equipamentos. Justamente o mais importante deles, o receiver, acabou ficando com a “cara” de fora. Resultado: superaquecimento e redução na vida útil dos produtos. Ao encomendar um móvel desse tipo, é fundamental verificar bem as medidas para todos os aparelhos. E sempre deixar folgas (de 5 a 10cm) nas laterais e acima de cada aparelho.
TELA MUITO PEQUENA
Já vimos muitos casos de TVs superdimensionadas: o consumidor se empolgou com o tamanho na loja e, ao chegar em casa, viu que era demais para sua sala. Aqui, um exemplo oposto: a TV de 49” está visivelmente submensionada para esse amplo e bonito espaço. O resultado geralmente é maior cansaço visual para os usuários, ainda mais durante o dia.
CAIXAS TORRE SOBRE O MÓVEL
Outro erro no desenho do móvel, só que agora afetando as caixas acústicas. No caso, foram escolhidas caixas de alto padrão – e, portanto, caras – que devem sempre ser instaladas sobre o piso. Isso porque possuem falantes grandes que vibram muito. Mesmo que o móvel seja sólido e pesado, é difícil não ser afetado. No limite, os movimentos dos cones se transferem para a estrutura de madeira, podendo gerar ruídos. O correto seria deixar nichos com piso falso para as duas caixas; aliás, a central também está mal colocada, muito próxima do piso e desalinhada com os tweeters no topo das outras duas.
LUZES REFLETINDO NA TELA
Veja como o mau posicionamento da tela pode ser prejudicado pelas luzes do ambiente. Aqui, há um lustre no centro e luminárias nas laterais da sala, incidindo diretamente sobre a TV. O problema tende a ser pior com o uso de telas maiores. OK, pode-se apagar todas as luzes na hora de ver TV, mas nem todo mundo gosta de sala totalmente escura. A melhor solução seria instalar luzes indiretas ou pontuais, de preferência com dimerização.
CAIXAS SURROUND COLADAS NOS OUVIDOS
Por definição, os efeitos surround contidos nos filmes são difusos, não direcionais, espalhando-se por todo o ambiente. Caixas surround são projetadas dessa forma. Portanto, não devem ficar próximas do sofá, pois isso simplesmente acaba com a sensação de envolvimento surround. Aqui, a ideia deve ter sido realçar o design das caixinhas em seus pedestais. Tecnicamente, elas deveriam estar voltadas para a frente, não inclinadas rumo aos ouvidos dos usuários.