As notícias que chegam de Las Vegas, onde aconteceu esta semana a NAB, maior evento da indústria de televisão, quase não mencionaram a resolução 8K. Não chega a ser surpresa: definitivamente, a tecnologia que chegou em 2018 prometendo uma nova revolução (vejam aqui) foi colocada em “estado alfa”. Fabricantes e emissoras puxaram o freio ao constatar que, para a esmagadora maioria das pessoas (tanto usuários quanto especialistas), os benefícios proporcionados não justificam os custos envolvidos.
Não tem sido por falta de esforço. A 8K Association, que já mencionamos aqui, não se cansa de promover eventos de awareness, ou seja, tentativas de convencer mais pessoas – especialmente formadores de opinião – das vantagens e do potencial dessa tecnologia. E fabricantes como a Samsung continuam apostando nesse trabalho de convencimento.
Aliás, em março a gigante coreana baixou expressivamente os preços de seus modelos 8K no mercado americano. A TV QN900B de 85″ caiu de 8.500 para 5.000 dólares (mais de 40%). Na loja virtual da Samsung brasileira, o mesmo modelo teve cortes de preço ainda mais significativos: a versão de 75″, cotada a R$ 49.703 nesta sexta-feira, pode ser adquirida à vista por R$ 17.378 (desconto de 65%); a 65″, de R$ 11.750, sai à vista por R$ 6.048 (-48%).
A Samsung é a marca que oferece maior variedade de modelos 8K (confiram aqui). E pretende continuar nesse ritmo com as linhas 2023, que devem chegar em junho. A empresa afirma que está crescendo muito a quantidade de pessoas que fazem vídeos em 8K com seus ultra-avançados smartphones, além do material já oferecido em plataformas como YouTube e Vimeo. Segundo Hyunchul Song, da área de Desenvolvimento de Produtos, as TVs Neo QLED 8K que estão chegando darão acesso direto aos vídeos 8K do YouTube (aqui, os detalhes).
Já fabricantes como LG e TCL não se mostram muito animados e até agora não anunciaram nenhum lançamento em 8K para este ano. Além do choque que foi a proibição da venda desses TVs na Europa devido ao alto consumo de energia, a principal justificativa é que a indústria de mídia não está aderindo ao 8K. “A própria NHK do Japão, que foi pioneira tanto no HD e no 4K quanto no 8K, decidiu puxar o freio”, lembra Raymundo Barros, diretor de Tecnologia e Estratégia do Grupo Globo e recém-empossado presidente do Fórum Brasileiro de TV Digital.
O motivo, diz ele, não é a evolução dos displays, que continua a todo vapor, mas os altos custos de produção, pós-produção e distribuição de conteúdos em 8K. “Na Globo, já estamos produzindo uma série inteira em 8K e estudando com o Fórum as possibilidades de exibir conteúdos desse tipo (vejam aqui). Mas, além do investimento ser altíssimo, achamos que o consumidor precisa de telas muito grandes para perceber a diferença para 4K. E essas telas ainda custam muito caro”.