Esferas sonoras: avaliamos as caixas escocesas da Gallo

A fábrica escocesa Gallo Acoustics é famosa por suas caixas acústicas de desenho esférico e desempenho bastante apreciado. Após lançar em 1994 a sua primeira caixa torre, a Nucleus Reference, a Gallo decidiu nos últimos 20 anos focar em modelos compactos para um público refinado e atento ao design dos ambientes.

Hoje, a Gallo mantém sete linhas de caixas produzidas com esferas de aço, disponíveis em 11 opções de cores padronizadas, incluindo inox, e outras centenas sob encomenda.

Esse desenho, diz o fabricante, é capaz de eliminar a ressonância e a difração internas, duas das principais causas de distorção em caixas de gabinete convencional. Já a tecnologia patenteada como S2 melhora a eficiência volumétrica, estendendo de forma considerável a resposta de baixa frequência em um invólucro selado que pode caber na palma da mão.

A empresa oferece três linhas de subwoofers compactos e diferenciados, para trabalhar com caixas de qualquer marca. Recebemos da distribuidora Disac um conjunto Gallo formado por cinco caixas modelo A´Diva e um subwoofer ProfileSub.

Caixas de apenas 12,7cm

 As satélites A’Diva têm acabamento de aço suave (baixo teor de carbono) em branco fosco e preto acetinado, com apenas 12,7cm de diâmetro e 1,6kg! Em cada uma, há um driver full-range de 3” e um cone plano de polipropileno (PP) reforçado, cuja resposta alcança de 76Hz.

Na traseira, encontramos um orifício para fixação em suportes e um par de terminais de rosca banhados a ouro, que aceitam cabos de até 4mm de diâmetro ou com plugue banana (padrão). Só é preciso cuidado para não ver a leve caixinha sendo “puxada” por um cabo mais grosso, se estiver num pedestal ou móvel.

Cada satélite traz na embalagem um anel de alumínio coberto por borracha de silicone (Isolation2). Esse acessório serve como base de apoio e isolamento antivibratório.

O modelo A´Diva tem impedância nominal de 8 ohms e capacidade para 50W de potência, quando usada como full-range – ou reproduzindo seu total alcance de frequências – em sistema estéreo ou multimídia. E pode admitir até 100W, se conectada a um receiver com corte de frequência acima de 100Hz, conforme recomenda o fabricante, em aplicações de home theater com subwoofer.

A linha A´Diva está entre as principais satélites esféricas da Gallo, à frente das irmãs menores Micro e Micro SE e atrás da A´Diva SE, que tem maior capacidade de potência.

Para quem busca soluções especiais para som ambiente, a marca oferece a caixa A´Diva também em mais duas versões: Habitat, com driver à prova d´água e gabinete em aço inoxidável, para uso externo (IP66); e Droplet, de formato pendente – disfarçado de luminária – com cabo de 2m embutido e roseta de teto, para espaços com pé-direito duplo.

Sub para ficar escondido

O ProfileSub é um subwoofer convencional em gabinete de MDF. Mas suas medidas – 30cm de altura por 18cm de profundidade – favorecem o posicionamento escondido na sala, abaixo ou atrás de poltrona ou qualquer outra mobília. Pode ser instalado também na parede, na horizontal ou na vertical.

Tanto o woofer de 8” em PP quanto os botões (volume, crossover, fase e chave liga-desliga-auto) são protegidos por duas opções de tela, em tecido preto e cinza. Na parte inferior do sub, há entradas de força e estéreo (ou LFE) com adaptadores RCA em “L”, para não danificar os plugues.

Para quem achar insuficiente a potência desse sub (150W), a Gallo também produz modelos de gabinete circular (TR-3D) e cúbico (RoomSub) com drivers de 10” e potência contínua de até 300W.

Avaliação: ótimo desempenho,para caixas tão compactas

Testamos o conjunto Gallo por um mês, e nos primeiros dias ouvimos nossas playlists em estéreo (Tidal HiFi/Master) em dois e cinco canais, sem ajustar o corte de frequência no receiver. Como full-range foi apenas satisfatório o desempenho dessas caixas sem crossover, direcionando-as totalmente para nossa posição de audição.

Em Round Midnight na versão de Keith Jarrett (Last Dance/ECM), era notável a neutralidade do piano, com médios claros e agudos suaves, mas não muito detalhados talvez devido à falta de um tweeter. O baixo acústico de Charlie Haden quase não aparecia, o que é fisicamente explicável dado o tamanho e resposta dos woofers de 3” nas satélites A´Diva.

Com a versão da cantora alemã Lyambiko para Don´t Let Me Be Misunderstood (Saffronia Special Edition/Sony), embora sem estender tanto o som do prato, os agudos soaram brilhantes, enquanto a voz se destacava com nitidez. Mas decidimos não esperar muito para conectar o ProfileSub (com seu crossover aberto) ao receiver e ajustar o corte para 100Hz, como sugere a Gallo.

O sistema passou a revelar os graves do baixo e da bateria com definição e profundidade. Ao ouvir novamente as playlists, a sensação de palco se revelou bem interessante para um conjunto de satélites; o som (principalmente vocais femininos) parecia vir de caixas maiores.

Filmes: envolvimento e realismo

No filme Dunkirk (Blu-ray DTS-HD Master Audio) faltou um pouco de amplitude sonora em nossa sala de 20m2, quando comparado a nossas caixas bookshelf e in-ceiling de referência. O sub, com o botão de volume na posição 12 horas, mesmo após experimentarmos diferentes locais, não “explodiu” com bombas e morteiros para quem está acostumado a sentir os graves no estômago. Por outro lado, não tivemos distorções perceptíveis com o volume perto do limite, o que mostra o projeto eficiente do ProfileSub.

Em Top Gun: Maverick (Paramount+), a trilha Dolby Digital Plus reproduzida pelas caixas Gallo trouxe envolvimento e realismo suficientes para nos colocar no centro das batalhas aéreas. O impacto sônico pelos caças em todos os canais ficou evidente, assim como a clareza dos diálogos entre os pilotos dentro do cockpit.

Já avaliamos diversas caixas compactas, mas poucas apresentaram qualidade sonora e de construção, em um design leve e minimalista, como o conjunto da Gallo Acoustics.