Leitores têm estranhado que o assistente de voz Google não está presente em TVs LG e Samsung lançados este ano. Foi uma mudança silenciosa. Até o ano passado, ambos os fabricantes destacavam que suas TVs ofereciam dois assistentes (Google e Alexa), além do seu próprio – Bixby no caso da Samsung, ThinQ na LG. Não mais. Os modelos 2023 saíram somente com duas opções, sem que isso tenha sido comunicado aos consumidores.
O que aconteceu foi que o Google não quis mais compartilhar o recurso com os fabricantes que não adotam a plataforma Google TV. No Brasil, ela está presente nas marcas TCL, Philips, Philco, Aiwa e Toshiba, além de modelos antigos da Sony, que não produz mais no país. Detalhe: o bom funcionamento do sistema operacional depende da qualidade do chip da TV, e nem todas as TVs oferecem processadores eficientes.
Como se sabe, LG e Samsung investem alto em suas plataformas próprias: webOS e Tizen, respectivamente. Ou seja, o Google virou forte concorrente dos fabricantes. Faz sentido. À medida que parcelas maiores da população vão se acostumando a buscar seus conteúdos preferidos na internet e no streaming, e não nas emissoras tradicionais, cresce a disputa por espaço no gigantesco mercado do entretenimento. E, como já acontece em outros segmentos, o Google quer ser líder também aí. Começou com o Android TV, que foi aprimorado e aos poucos está sendo substituído.
Streaming gratuito é uma tendência nas TVs
Pelo que temos visto em nossos testes, a plataforma Google TV é tão boa quanto Tizen e webOS nos quesitos rapidez e facilidade de navegação. Um diferencial óbvio é que dá acesso a mais aplicativos e a serviços do Google que a maioria das pessoas já usa em seus dispositivos móveis, como Google Duo e Google Meet, para reuniões online. Além disso, TVs com o sistema operacional do Google permitem buscas mais abrangentes: se você digita o título de um filme, por exemplo, o sistema irá procurá-lo em todas as plataformas de streaming instaladas naquela TV.
Mas a briga é interessante. A Samsung aposta em seu canal próprio de streaming gratuito (TV Plus), que oferece canais de filmes, séries, jornalismo, esportes, humor, desenhos etc. E a LG também está ampliando a oferta de conteúdos no seu LG Channels, igualmente gratuito. Há quem diga que esse seja o futuro da TV, pois esses serviços mais parecem uma réplica das grades de TV paga, só que sem cobrança de assinatura.
Vejamos como essa disputa evolui nos próximos meses. Nos EUA, a Amazon acaba de lançar o serviço FreeVee (ao lado), paralelo ao Prime Video, que é justamente uma plataforma de conteúdos gratuitos sustentada em publicidade, modelo seguido no Brasil por Pluto TV, Net Movies e outras. Será esse o caminho do Google?