As tecnologias de casa inteligente tiveram avanços significativos este ano. Os avanços na inteligência artificial (IA) nos aproximaram de um futuro em que nossas casas não serão apenas uma miscelânea de dispositivos, mas ecossistemas personalizados que antecipam e satisfazem nossas necessidades com um mínimo de processamento de informações.
O sonho de uma casa intuitiva e automatizada está ao nosso alcance – mas ainda não chegamos lá. Os dispositivos tecnológicos individuais, que já existem em milhões de lares, não são inerentemente projetados para oferecer tal experiência.
Há algum tempo, os consumidores têm que lidar com dispositivos inteligentes que não são tão inteligentes quanto afirmam ser. Esses dispositivos prometem fornecer a solução definitiva para as necessidades de seu estilo de vida, mas muitas vezes ficam aquém. Por causa disso, muitas pessoas relutam em abraçar totalmente a casa conectada.
A casa inteligente de ontem não atrairá os consumidores de hoje, mas os líderes tecnológicos estão numa posição única para envolvê-los com soluções que atendam às suas necessidades a longo prazo. Como você pode maximizar o potencial da casa conectada?
Conheça as tendências
Se você participou de algum evento importante da indústria eletrônica, como CES ou ISE, no ano passado, provavelmente já se familiarizou com as tendências emergentes em casa inteligente. Como líderes, reconhecemos a impossibilidade de seguir todas as tendências. No entanto, através de conversas diárias com integradores que interagem diretamente com os consumidores, algumas tendências se destacam:
Casas inteligentes voltadas para o bem-estar
Para cerca de metade dos consumidores nos EUA, bem-estar é uma prioridade máxima. O bem-estar atinge todas as facetas da casa. Os proprietários estão buscando ativamente soluções que possam melhorar a qualidade do ar, otimizar a iluminação, controlar a temperatura e gerenciar a umidade para criar um ambiente que melhore a saúde física e mental.
Espaços exteriores inteligentes
O ano de 2023 testemunhou uma ênfase significativa em espaços exteriores funcionais. De acordo com pesquisadores da Zillow, uma das principais agências imobiliárias dos EUA, as menções a quintais em anúncios de imóveis à venda em 2022 foram 22% maiores do que no ano anterior, colocando-o entre os cinco recursos domésticos mais procurados para 2023.
Faz sentido que os consumidores anseiem pela conveniência e conforto que uma smart home apresenta em seus oásis ao ar livre. Além de melhorias no estilo de vida, oferecem benefícios de conservação e segurança, proporcionando aos proprietários um sistema unificado de gestão de recursos.
Tecnologia assistiva para independência
Embora a tecnologia assistiva não seja nova, sua incorporação em casas inteligentes está evoluindo. Com foco em necessidades individuais altamente específicas, as casas inteligentes são cada vez mais vistas como um meio de melhorar a vida de pessoas com deficiências físicas, sensoriais e cognitivas. Em vez dos novos gadgets, o foco está nos resultados práticos: como pode a tecnologia de casa inteligente tornar a vida quotidiana mais fácil e agradável?
Hiperpersonalize tudo
Embora as tendências acima estejam despertando amplo interesse dos consumidores, há uma quarta megatendência que influencia todas elas. A personalização é uma técnica de marketing de longa data e por boas razões. Adaptar mensagens com base nas preferências dos usuários pode oferecer vantagens significativas às organizações, diminuindo os custos de aquisição de clientes e aumentando a receita e o ROI.
A maioria dos consumidores espera interações personalizadas, e mais de dois terços sentem-se frustrados quando essas expectativas não são satisfeitas. No entanto, o cenário está mudando para uma estratégia mais refinada: a hiperpersonalização.
Essa tendência indica uma transição de estratégias centradas no “produto”, para um foco na “integração humana”, enfatizando experiências únicas e individuais. Enquanto a personalização consiste em adaptar o conteúdo de marketing a clientes individuais, através dos seus canais de comunicação preferidos, a hiperpersonalização envolve cada cliente num diálogo único em todas as plataformas.
É uma estratégia que aproveita dados, análises, IA e automação para oferecer experiências personalizadas e direcionadas. Para os líderes, o desafio é facilitar a hiperpersonalização no seu portifólio de produtos, permitindo que uma vasta gama de aplicações tecnológicas ofereça experiências individualizadas e intuitivas.
O potencial de customização dessas tecnologias para os usuários finais apresenta muitas oportunidades de negócios. No entanto, explorar verdadeiramente esse potencial exigirá uma mudança fundamental na mentalidade e nas práticas empresariais.
Ofereça uma experiência
Com interações hiperpersonalizadas em todos os dispositivos e ecossistemas, um elemento vital deve completar o ecossistema: a narrativa. Como líderes tecnológicos, precisamos ajudar os consumidores a imaginar novas possibilidades de como a tecnologia poderá melhorar as suas vidas.
Por exemplo, imagine acordar em uma casa sincronizada com suas necessidades de bem-estar. Cortinas automatizadas se abrem com o amanhecer, criando um ambiente acolhedor com qualidade do ar, iluminação, temperatura e umidade ajustadas. O seu dia termina numa área externa que funde o conforto do interior com a serenidade do exterior.
Dispositivos inteligentes selecionam atmosferas exclusivas e minimizam a manutenção – você nem precisa levantar um dedo. À medida que a noite cai, seu sistema de segurança ilumina caminhos, prontos para proteger seu refúgio. Sua casa inteligente não apenas reage – ela antecipa, adicionando uma camada de segurança e interação perfeita para todos os habitantes. Todas as peças tecnológicas se misturam em uma sinfonia de conforto, comodidade e segurança.
Não se trata de vender dispositivos
individuais, mas de criar ecossistemas
harmoniosos que antecipem
as necessidades humanas.
Isso mostra os benefícios dos dispositivos inteligentes integrados para o estilo de vida, conectando-se emocionalmente com o proprietário e mudando o foco dos dispositivos individuais para o ecossistema harmonioso que eles criam. Os líderes tecnológicos podem seguir um modelo de “educação em primeiro lugar” para todos os produtos, oferecendo aos consumidores uma riqueza de recursos para dar vida à sua imaginação.
Ferramentas simples como vídeos, experiências imersivas como show-rooms virtuais e profissionais qualificados, atendendo os consumidores em suas casas para personalizar soluções, podem ajudar a garantir que os consumidores sejam informados e suas necessidades sejam atendidas.
Face às tendências das casas inteligentes e às crescentes expectativas dos consumidores em relação a experiências hiperpersonalizadas, os líderes tecnológicos devem ser orquestradores visionários. Não se trata de vender dispositivos individuais, mas de criar ecossistemas harmoniosos que compreendam e antecipem as necessidades humanas.
O objetivo é moldar a tecnologia em torno das pessoas, integrando bem-estar e funcionalidade para uma casa que não seja apenas inteligente, mas intuitivamente pessoal. A indústria está preparada para passar do fascínio pelos gadgets para soluções centradas no ser humano. Você será um dos líderes da revolução?
*O autor é presidente global da CEDIA, entidade que reúne os integradores dos EUA. O artigo foi traduzido e publicado no site da Plataforma Conectar. Para ver o original na íntegra, em inglês, clique aqui.