O mercado de automação residencial está vivendo uma grande transformação. Na transição para uma provável massificação, o segmento vem acumulando uma incrível riqueza de conhecimentos e experiências. Ao mesmo tempo, novas e revolucionárias tendências – como Inteligência Artificial e Matter – podem ser determinantes nesse processo de integração.
Para nós que estamos nesse mercado desde o início, fica claro que a chave para promover a inovação é estimular a participação de todos os níveis dentro das empresas, e assim ampliar o alcance das ideias. Para contribuir nessa conscientização, enumeramos aqui quatro tendências principais e como as organizações podem utilizá-las para se manterem competitivas.
Para se montar uma casa inteligente e interoperável, é preciso encarar o edifício como um sistema completamente funcional. Pouquíssimas empresas detêm o controle sobre todos os aspectos críticos de uma habitação: qualidade do ar, água, segurança, energia.
Conforto, segurança e eficiência energética a um custo mais baixo
No entanto, juntar todos esses sistemas sob um controle unificado, com serviços profissionais coordenados de forma analítica, é o que realmente transforma o imóvel numa casa inteligente. Ou seja, capaz de garantir o conforto dos moradores, a eficiência energética, proteção contra falhas do sistema, a segurança e a capacidade de se adaptar em caso de mudanças não previstas. Tudo isso a um custo operacional mais baixo.
O que acabo de descrever foca apenas nos aspectos necessários de uma casa, não novidades como programar o sistema para desligar as luzes, baixar as cortinas e ligar a TV e o som, tudo com um só comando. Quando o usuário quer tornar um ambiente confortável, não estamos falando apenas de programar uma cena ou ajustar a temperatura.
Trata-se de saber quem está na sala e que temperatura essa pessoa prefere. Trata-se de garantir que os filtros do ar-condicionado ou do sistema de calefação estão limpos. Trata-se, enfim, de deixar a casa funcional e eficiente. Conforme os usuários vão se habituando a esses tipos de conforto, os profissionais têm mais oportunidades de oferecer novos serviços, fortalecendo a relação.
Com a chegada do padrão Matter, realiza-se um desejo da indústria em geral, que há anos vinha tentando, sem sucesso, emplacar seus ecossistemas fechados. É muito difícil para um fabricante manter compatibilidade com todos esses ecossistemas, e por isso os consumidores acabam escolhendo um favorito. Isso gera uma divisão de mercado que não interessa a ninguém.
Proteção dos dados e valor para o usuário: o que falta no Matter
Só que, embora o Matter teoricamente resolva a questão dos padrões de comunicação entre os dispositivos, ele não traz a desejada proteção da privacidade dos dados. E também não entrega claramente um ganho para o usuário.
Matter seria uma ótima oportunidade para criar propostas de real valor para os consumidores. Exemplo: tornar a sala de TV mais confortável. Em vez de se ter de acionar um termostato, o sistema poderia definir a temperatura com base na quantidade de pessoas presentes. Além disso, otimizar a qualidade do ar e já armar o sistema de segurança caso todos os membros da família estejam em casa.
Ao mesmo tempo, adotando uma solução de analytics fica mais fácil proteger os dados do proprietário e de seus familiares. Sem dúvida, o Matter pode ser útil para tornar mais rápido o trabalho de instalação e mais eficiente o sistema. Com o lançamento de mais dispositivos compatíveis, as empresas integradoras e os próprios fabricantes só precisarão investir em treinamentos online e do tipo hands-on para que seus funcionários se mantenham atualizados.
Os temores do mercado em relação às novas aplicações da Inteligência Artificial
As atuais mudanças decorrentes da I.A. têm feito soar alarmes de preocupação no mercado. O surgimento das aplicações LLM (large language models), caso do ChatGPT, tende a criar novos paradigmas para o uso da tecnologia na vida de todo mundo.
Com a introdução de softwares LLM nos sistemas de casa inteligente, irão emergir incríveis possibilidades. Mas, ao mesmo tempo, aumenta a preocupação quanto ao mau uso da tecnologia, com consequências indesejadas, o que terá forte impacto nas estratégias das empresas.
Na jornada para a implantação de um sistema de smart home, os dados terão papel crucial. Portanto, a privacidade deve ser sempre uma prioridade. Muitas das grandes empresas de tecnologia coletam dados dos usuários para vender a seus anunciantes, ou então para melhorar seus próprios produtos e a experiência dos usuários.
Usar os dados para ativar novos recursos que sirvam ao consumidor é o que mais importa quando se trata de inovação. E a I.A. oferece essa possibilidade. Por isso, é importante que as organizações ofereçam transparência e coloquem o cliente no centro da questão.
*Extraído de um artigo publicado no site CE Pro. O autor é vice-presidente da Resideo, integradora de projetos eletrônicos baseada na Nova Zelândia. A íntegra original pode ser lida aqui.
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