Por ALEX DOS SANTOS
Existe um fator que pode influenciar decisivamente na reprodução de filmes e música: o posicionamento das caixas acústicas. Instalar cada caixa em seu lugar é essencial para recriar na sua sala aquilo que foi ouvido pelos engenheiros e técnicos durante a produção da trilha sonora.
Ao assistir um filme de ação ou aventura, imagine-se no meio da cena, com os sons ao seu redor e até vindo de cima. Ao ouvir música, pense na sensação de estar de frente para o palco de um show ou concerto, preservando a tridimensionalidade do local com altura, largura e profundidade.
Claro que outros critérios devem ser considerados, como o nível de qualidade dos equipamentos, a precisão nos ajustes no receiver ou processador e as condições acústicas da sala. Mas a escolha e a instalação correta das caixas, seguindo regras clássicas de posicionamento, é que garantem o envolvimento ideal.
Todas as caixas escolhidas devem apresentar timbre semelhante, para uma reprodução homogênea. Por isso, é importante adquirir caixas da mesma marca e, de preferência, da mesma linha. Escolhidos os equipamentos, o passo seguinte é definir onde devem ficar as caixas. Mãos à obra!
Caixas frontais: respeite as distâncias
Os efeitos de áudio mais significativos dos filmes concentram-se nos canais frontais esquerdo e direito. Para posicionar as caixas, a regra é imaginar um triângulo isósceles cujos vértices seriam as duas caixas e o ouvinte sentado exatamente no meio da sala.
Se a distância entre as duas caixas frontais é de 2m (mínima recomendada), cada uma deve ficar a cerca de 3m do ouvinte. A tela deve estar exatamente entre as duas caixas. Manter a distância mínima entre as caixas esquerda e direita é importante para melhor sensação de envolvimento, palco sonoro e a mesma cobertura do som nos dois lados da sala.
Mesmo em uma sala grande, evite posicionar as caixas a uma distância muito maior do que 2m entre si. Isso evita que os ouvintes tenham a percepção de sons vindo pelos lados da sala, pois isso afeta a sensação de envolvimento no filme.
Outro detalhe: as duas caixas frontais posicionadas um pouco à frente da TV. Isso minimiza os efeitos de difração, causados pelo rebatimento das ondas sonora no gabinete da TV, o que prejudica o palco sonoro.
Para quem ouve música em estéreo, recomenda-se manter a geometria de arco entre as caixas frontais e a tela – o chamado toe-in. Ao formar um ângulo de aproximadamente 45º visto a partir da posição de audição (como na figura), consegue-se localização mais precisa dos sons individuais.
Se as caixas frontais forem do tipo torre, devem ser colocadas (sempre) no chão, livres de objetos em volta. Montá-las no interior do móvel, só se houver uma base reforçada para evitar as vibrações. Ainda assim, a parte frontal da caixa não deve ficar muito recuada na estante, porque isso prejudica a propagação do som.
Já as caixas bookshelf dividem opiniões. Visando eliminar vibrações, muitos preferem colocá-las em pedestais, com o tweeter na altura dos ouvidos de uma pessoa sentada (cerca de 1m do chão), sem objetos prejudicando a dispersão sonora. Mas para quem possui crianças ou pets, melhor evitar os pedestais e acomodar as aixas no próprio móvel.
Caixa central: atenção aos diálogos
Eis a principal responsável pelos diálogos dos filmes, vocais de shows e a narração das partidas de futebol. O painel da caixa central deve estar bem alinhado à tela e exatamente no meio das caixas esquerda e direita. A caixa central deve ser posicionada logo abaixo da TV; se esta tiver 75” ou mais, talvez seja necessário um móvel baixo, com a caixa a 40cm do piso e ligeiramente inclinada em direção aos ouvintes no sofá.
Mas cuidado para não deixar a central muito baixa, pois isso prejudica sua interação com as duas frontais. Evita também que o som do canal central encontre obstáculos, como mesa de centro ou outros objetos, limitando a dispersão principalmente dos agudos. Outro erro usual é “espremer” a central em nicho de móvel, resultando em som abafado e interferindo na clareza dos diálogos.
Caixas surround: podem ser 2 ou 4
Embora nem sempre os efeitos produzidos pelas caixas surround sejam intensamente percebidos, são esses sons que ampliam a sensação de envolvimento, como se a cena estivesse acontecendo dentro da sala. As caixas surround podem ficar nas paredes laterais ou traseiras, sempre a uma altura de 1,20m a 1,80m do chão. Se for usada a parede de trás, devem ser apontadas para frente e com distância de pelo menos 2m entre si.
Procure respeitar um recuo mínimo de 50cm entre o sofá e as caixas para que não fiquem “coladas” aos ouvidos, causando fadiga e anulando os efeitos de ambiência. Pode-se ainda optar por quatro caixas surround, sendo duas traseiras (surround back) e duas laterais.
Importante entender que o som dessas caixas não deve ser direcional em relação aos ouvintes, mas sim difuso, ou seja, o ouvinte não identifica de onde vêm os sons. Isso preenche melhor o ambiente e amplia a sensação de envolvimento surround.
Como quase sempre são do tipo bookshelf, as caixas surround podem ser instaladas sobre pedestais (de metal ou madeira), mesa lateral ou fixadas na parede, com o auxílio de suporte apropriado de aço.
Caixas surround no teto
Cada vez mais comuns nos projetos atuais, as caixas de embutir não propiciam perfeita sensação de ambiência, mas são imbatíveis quando a prioridade é a estética da sala. Para um resultado satisfatório, a posição das caixas surround no teto deve ser lateral ao sofá, e ligeiramente atrás da posição de audição.
A depender do pé-direito da sala, podem exigir o rebaixamento do gesso; melhor ainda se tiverem tweeter móvel, que pode ser ajustado manualmente para direcionar o som à posição central da sala. Alguns instaladores preferem o tweeter voltado para as paredes traseiras ou laterais, a fim de gerar melhor envolvimento e evitar agudos direcionados aos ouvintes.
Caixas para Dolby Atmos
Para maior sensação de imersão nos filmes e produzir efeitos aéreos, um sistema Dolby Atmos requer no mínimo duas caixas de teto. Se tiverem dispersão ampla, podem ser instaladas com o painel voltado para baixo. Modelos de dispersão mais restrita, como algumas anguladas, deverão ser inclinados em direção à posição do ouvinte. Em ambos os casos, recomenda-se consultar um instalador especializado.
Detalhe importante sobre Dolby Atmos é a altura do teto. Se o pé-direito for muito alto (acima de 3,50m), será necessário configurar o sistema para aumentar o nível de sinal nas caixas de teto.
Subwoofer: um ou dois?
Ao contrário das demais caixas, o subwoofer não exige uma posição determinada na sala. Como sua função é realçar os sons graves em cenas de explosões, tiros, trovões e terremotos propagados por todas as direções, os ouvintes são incapazes de perceber o ponto de origem dessas frequências (abaixo de 150Hz), independente de sua localização na sala. Mas o formato e as dimensões do ambiente, além do posicionamento dos móveis, são fatores que influenciam na circulação dos graves. Não por acaso, é cada vez comum o uso de dois subs.
A principal exigência é acomodar essa caixa sempre no chão; em piso de madeira, melhor se apoiada em uma superfície sólida, como granito ou mármore, que amenize as vibrações devido à massa de ar movimentada pelo woofer.
Para posicionar o sub dentro de um móvel, o eixo deste deve ter estrutura lateral reforçada e um fundo que permita deixá-lo em contato direto com o piso. Em nossos testes, a posição mais indicada costuma ser na frente, próximo às caixas frontais.
Se for um sub de baixa potência, pode-se reforçar o impacto colocando-o num dos cantos. Outra dica é deixar o sub livre de objetos a sua volta, e nunca escondido atrás de mobília ou sofá, para não prejudicar a propagação sonora. Na verdade, os melhores resultados são atingidos experimentando posicionar o sub em diversos locais do ambiente. Quando seus ouvidos perceberem os graves mais fortes e controlados, você encontrou o local mais apropriado.
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