Imagine algo mais cômodo do que ao chegar em casa após um dia estafante, pensar naquela canção preferida armazenada no seu smartphone, ou em um servidor de mídia (NAS), e, em poucos toques (ou cliques), começar a reproduzir instantaneamente no home theater. Outra situação: ouvir a programação do dia daquele serviço preferido de rádio na nuvem, enquanto prepara algo na cozinha e vê informações sobre as faixas, seja na tela do TV ou do próprio smartphone?
Maneiras práticas de desfrutar músicas digitais via streaming já são adotadas por diversos usuários que possuem receivers conectados à rede. A novidade é que tecnologias AirPlay, DLNA e Bluetooth deixaram de equipar somente receivers mais sofisticados e agora aparecem em modelos mais acessíveis. Além disso, a safra mais recente de aparelhos vem com Wi-Fi embutido, uma “mão na roda” para quem não tem ponto de internet na casa toda, principalmente atrás do móvel da sala.
Com apenas R$ 2.500, é possível adquirir um receiver com todas as conectividades, inclusive sem fio, para centralizar todas as fontes de sinal e ainda receber conteúdos de diversos dispositivos conectados na sua rede.
Wi-Fi e WiFi Direct
Todas as marcas oferecem receivers com Wi-Fi embutido; uma antena RF traseira identifica a conectividade wireless. Modelos de 2013 ainda vinham com um adaptador, tipo dongle USB. Quando o ponto de acesso está longe, é possível reproduzir músicas diretamente de tablet ou smartphone com a tecnologia WiFi Direct.
DLNA 1.5
O protocolo DLNA está presente em todos os receivers com conexão LAN, vez que a comunicação se baseia em rede cabeada ou Wi-Fi. Mas para reproduzir músicas (diferente de TVs e players que aceitam fotos e vídeos) armazenadas em seu celular é necessário que este tenha um aplicativo certificado DLNA. Há centenas deles na Google Play. Smartphones LG, Samsung e Sony, por exemplo, já trazem algum app de compartilhamento pré-instalado. Para computador, inúmeros softwares, até mesmo o Windows Media Player, se comunicam com dispositivos DLNA. No caso de um servidor de mídia, boa parte dos modelos para uso doméstico suporta o DLNA, bastando configurá-lo com seu número IP através do navegador de qualquer computador.
AirPlay
Exclusivo de dispositivos Apple, o AirPlay tem proposta semelhante à do DLNA, porém é mais avançado por permitir espelhamento de imagens quando se agrega um Apple TV ao sistema, dispensando o roteador. Um computador com Windows também pode se beneficiar da tecnologia, por meio do programa iTunes instalado. Os títulos das músicas, álbuns, intérpretes, tempo transcorrido/restante e capa do álbum aparecem nas telas dos dispositivos ou do TV. Quem possui iPhone, iPod Touch ou iPad deve ficar atento: não são todos os receivers compatíveis com AirPlay (veja a lista).
Nuvem
Dentre milhares de rádios gratuitas de todo o mundo disponíveis no menu do vTuner e do TuneIn, aplicativos presentes nos receivers que reúnem e localizam as estações, a maioria não oferece qualidade de áudio aceitável para se apreciar sentado na melhor posição da sala. As músicas são bastante comprimidas, variando entre 64 e 128K por segundo (poucas transmitem acima disso), o que impede detalhamento e presença de palco.
Por isso, sugerimos sempre como som ambiente, quando o usuário quer curtir uma audição descompromissada, enquanto janta ou faz atividade física, por exemplo. Uma alternativa é partir para serviços pagos, como o Spotify, e desembolsar módicos R$ 14,90 para assinar a modalidade Premium com áudio de 320Kbps e sem propaganda.
Bluetooth e NFC
A mais popular das tecnologias sem fio está em praticamente todos os celulares. A vantagem é não depender de rede LAN e roteador Wi-Fi. Como desvantagem está a baixa capacidade de transmissão do sinal, o que prejudica notoriamente a qualidade sonora. Isso ocorre por que os receivers ainda trazem a versão Bluetooth 2.0, ao contrário de muitos smartphones que avançaram para a “4.0”. Modelos mais antigos vêm com dongle USB→Bluetooth; os mais novos podem vir com antena traseira. Uma vez pareado (processo de reconhecimento e aceitação entre os aparelhos), a conectividade Bluetooth é estabelecida e o celular se conecta diretamente ao receiver. É para tornar mais fácil e imediato o pareamento com smartphones atuais que existe a comunicação NFC (Near-Field Communication) em receivers. O Harman Kardon BDS-580 foi o primeiro a possibilitar rápido reconhecimento. Basta aproximar um celular com NFC ao sensor do aparelho e pronto.
Formatos de alta definição
MP3 e AAC (iTunes) ainda são os formatos de áudio mais comuns, por oferecer tamanho pequeno após sacrificar baixas e altas frequências, importantes para a boa definição de instrumentos. Mas os amantes da boa música e entusiastas que investem em equipamentos de alto padrão preferem WAV, AIFF, FLAC, ALAC e DSD. O motivo é simples: obter resultado idêntico ao da mídia da qual essas cópias se originam.
Para isso é preciso que o codec (codificador decodificador de sinais), que é o software responsável pela extração, transcrição, compactação e descompactação dos dados presentes no disco, prime pela qualidade do arquivo criado a partir da mídia. Não apresentam perda de dados nem de resolução após a compactação, sendo a opção ideal para quem quer preservar uma biblioteca de áudio com extrema fidelidade, apesar do arquivo resultar num tamanho até dez vezes maior em relação ao MP3.
FLAC e ALAC, da Apple, são os compressores de áudio sem perda mais badalados e chegam a uma amostragem de 192kHz por 24 bits. Todos os receivers recentes reproduzem, seja via streaming ou USB. Criado pela Sony e Philips, o DSD (Direct Stream Digital) foi o formato base do Super Audio CD. Faz a amostragem do sinal analógico com apenas 1 bit, mas numa frequência de 2.8MHz ou 5.6MHz, o que significa uma taxa de 64 a 128 vezes o valor usado para o CD (44.1kHz). Um método avançado de redução de ruído elimina erros de quantização (bit-rate), reproduzindo sinais até 100 kHz (sem distorção) em uma faixa dinâmica que pode chegar a 120dB.
Em uma cartada de marketing para recuperar os mais exigentes com a qualidade de áudio, a Sony lançou o HRA (High-Resolution Audio). Essa tecnologia se propõe “universal”, isto é, se adapta a qualquer codec sem perda, entregando arquivos com amostragens de até 192kHz. Além da Sony, Universal e Warner aderiram ao HRA; os álbuns podem ser baixados para celular com app apropriado e outros equipamentos compatíveis. Em 2015, chegaram ao mercado os primeiros produtos certificados HRA, inclusive receivers Onkyo e Integra à venda no Brasil.