Interessante estudo acaba de ser divulgado pela consultoria americana Parks Associates sobre o futuro da “casa inteligente” nos próximos dez anos. Embora seja específico do mercado americano, o material traz bons insights sobre como está mudando o comportamento dos consumidores pós-pandemia e os reflexos dessas mudanças para o setor de tecnologia.
A primeira constatação é que, apesar da enorme quantidade de dispositivos lançados no mercado, o conceito smart home ainda é – e continuará sendo por alguns anos – um nicho. Está crescendo expressivamente, mas dentro do segmento luxo, que pode pagar por um projeto “verdadeiro” de automação. Além disso, os canais de vendas são fragmentados, desde uma loja especializada em eletrônicos num shopping de alto padrão até pequenos comércios da periferia, lojas de material de construção etc.
O estudo da Parks revela que, nos EUA, 34% das famílias possuem pelo menos um dispositivo de casa inteligente, que pode ser uma lâmpada smart, uma fechadura eletrônica ou uma caixinha Alexa. Uma residência definida como smart possui, em média, 7,4 dispositivos; e seus moradores utilizam – também na média – 13 dispositivos conectados: TVs smart, smartphone, laptop e, em menor escala, eletrodomésticos, câmeras de segurança e aparelhos para controle de saúde.
Considerando que a ideia de “casa conectada”, ou “casa inteligente”, já sustenta o mercado nos EUA há pelo menos dez anos, esses números podem ser tomados como tendência para mercados emergentes como o Brasil. Lá, como aqui, são válidas algumas estimativas dos analistas da Parks, como a de que o consumidor será cada vez mais impulsionado pela conectividade e os serviços móveis, incluindo o uso massivo de apps e assistentes de voz.
Agora, as revelações mais interessantes do estudo. Com a pandemia, as pessoas buscam ser mais independentes dentro de casa, sentimento que tende a ganhar importância com a idade. Entra aqui a união entre tecnologia, segurança e saúde, mas não apenas no formato que já conhecemos (alarmes, monitoramento remoto, medidores cardíacos etc). Um de cada quatro entrevistados pela Parks, entre moradores de residências com banda larga, disseram-se preocupados com a qualidade do ar e da água dentro do ambiente doméstico.
Isso abre espaço para a expansão de serviços que monitoram o abastecimento na residência, o que naturalmente passa por redes mais robustas para dar conta de tantos dispositivos conectados 24 horas por dia e em tempo real. Outro dado: 64% dos americanos com banda larga usaram algum serviço de tele-saúde nos últimos 12 meses (em 2019, foram apenas 15%). E – de novo, lá como aqui – a pandemia fez subirem as contas de energia elétrica e, com isso, a busca por soluções de gerenciamento da eletricidade.
Enfim, há inúmeras variáveis envolvidas nesse fascinante mercado de smart home. Convido os leitores a conferirem a tradução do estudo da Parks, publicada no site da Aureside (vejam aqui). Leiam, analisem e comentem. Os próximos dez anos serão incríveis.