Por Matt Pruznick*Lembra-se de quando você instalou seu primeiro roteador sem fio? Poder ligar o laptop e usá-lo na sala, na cozinha, até mesmo na cama? Que sensação de liberdade! Com apenas um ou dois aparelhos ligados àquela rede, a solução funcionava muito bem. Mas aí surgiram smartphones, tablets, TVs conectados. Hoje, muitas casas possuem múltiplos dispositivos wireless conectados à rede doméstica, e portanto aquelas ótimas soluções já não são mais suficientes.
Na casa conectada atual, com luzes automatizadas, portas, janelas e cortinas elétricas, sistema de segurança e aparelhos captando o tempo todo o sinal da internet, uma simples caixinha preta não dá conta do trabalho. “Quando não se tem um sistema de automação bem dimensionado e programado, as falhas da rede começam a aparecer”, diz Hagai Feiner, da empresa Access Networks, de Los Angeles. “O roteador trava a toda hora, causando enorme frustração no usuário”.
Segundo Feiner, que começou a instalar redes domésticas em 2003, uma casa automatizada não pode funcionar sem uma rede confiável. Na época, ele já percebia que alguns de seus clientes queriam ter em casa o mesmo grau de segurança e confiabilidade das redes que tinham nas empresas onde trabalhavam. Em 2010, quando esse tipo de serviço passou a ser mais requisitado, ele já estava preparado. “Na última década, com o aumento no número de dispositivos sem fio e a demanda por conexão ininterrupta de internet, o cenário mudou completamente”, explica ele. “As pessoas exigem ter em casa soluções tão eficientes quanto as que instalamos nos escritórios.”
Para atender esse tipo de cliente, na era da convergência AV-TI e da Internet das Coisas (IoT), Feiner optou por trabalhar apenas com duas marcas de dispositivos para rede: Cisco e Ruckus. Mas há outras diversas opções no mercado. A Luxul, por exemplo, se define como provedora de “soluções profissionais” para uso tanto em residências quanto em escritórios e pequenas empresas. “Os integradores de áudio/vídeo historicamente não são especialistas em TI”, diz Brannon Young, diretor de vendas da Luxul. “Isso é uma vantagem para nós, porque eles procuram fabricantes com produtos de qualidade e treinamento eficiente. Isso aumenta suas chances de sucesso e vem ajudando no nosso crescimento também”.
Como a Luxul, a Pakedge percebeu essa tendência de mercado e investiu em soluções como switches e roteadores compatíveis com salas de áudio/vídeo. “No início, foi difícil para os instaladores perceberem como a internet iria mudar a natureza do negócio”, lembra Benson Chan, vice-presidente da empresa, que no Brasil é representada pela Audiogene. “Enxergamos isso e ajudamos a desenvolver um nicho de mercado para dispositivos de rede e plataformas adequadas a convergência entre AV e TI.”
O sucesso dessas empresas vem atraindo competidores. A ordem, agora, é oferecer soluções de “padrão corporativo”. Mas o usuário precisa prestar atenção, segundo Feiner, porque a eficiência do projeto está diretamente relacionada à qualidade do serviço prestado. “Por isso investimos na transparência do projeto. Significa que nossa equipe de profissionais de TI consegue ver cada detalhe do equipamento instalado via acesso remoto, e assim resolver os problemas na hora. E oferecemos um plano de garantia de três anos”.
Esse conceito de “visibilidade do serviço” é apontado como essencial por empresas como a Ihiji, especializada em gerenciamento remoto de dispositivos IP. É a forma de garantir que os inúmeros aparelhos conectados funcionem de modo adequado, diz Steve Muccini, diretor de marketing da Ihiji. “A vantagem é que os gerentes de rede podem ser avisados toda vez que se altera o status de um aparelho, ou quando este sinaliza uma falha”, diz ele. “Ter acesso imediato a essa informação pode ser a diferença entre identificar um problema e corrigi-lo ou ganhar a ira do cliente porque o sistema caiu”.
Muccini explica que esse tipo de solução precisa funcionar em tempo real: se o gerente de rede está fora, por exemplo, deve existir uma maneira de avisá-lo. Isso aumenta a eficácia do serviço e reduz incrivelmente os custos, já que não é necessário ir até a residência para resolver. Muitas empresas estão cientes dessa realidade e tratam de expandir a oferta das soluções remotas. “Existem redes que são verdadeiros frankensteins”, ironiza Chan, da Pakedge.
“Às vezes, são usados dispositivos e protocolos de várias marcas diferentes, o que torna tudo mais complexo. Isso leva a um tedioso processo de ajustes e redundâncias, que só prejudica o trabalho”. Para enfrentar o problema, a Pakedge desenvolveu uma plataforma denominada Connect+, que facilita a instalação e o gerenciamento, ou seja, melhora a performance.
OK, mas o que nos reserva o futuro das casas conectadas? “Nos próximos cinco anos, as redes residenciais precisarão de mais largura de banda para suportar o aumento na carga”, diz Young, da Luxul. “Com a chegada da IoT, serão mais comuns dispositivos como termostatos, detectores de fumaça, sensores de movimento, fechaduras eletrônicas etc. Haverá mais aparelhos portáteis e mais streaming de conteúdos, e a casa conectada – especialmente sem fio – irá depender da banda disponível”.
Isso tudo, sem mencionar a chegada do vídeo 4K, que exigirá ainda mais banda. Feiner concorda e acrescenta que essas novidades trazem ótimas oportunidades de negócio para os integradores. “Acho que quem tivesse instalado em sua casa uma rede desse tipo há cinco ou seis anos poderia estar utilizando o sistema ainda hoje, mesmo com aquele tipo de WiFi e Ethernet”, arrisca ele. “Quer dizer que há uma grande demanda para trabalhar com reformas, não apenas com construções novas. A rentabilidade do integrador pode estar nos upgrades”.
É consenso entre esses especialistas que a demanda por boa conectividade irá crescer fortemente nos próximos anos. Mesmo quem não usar aparelhos do tipo IoT sentirá essa necessidade. Portanto, instalar hoje uma rede robusta e bem gerenciada pode garantir anos de sucesso no atendimento ao cliente.
*Artigo publicado originalmente no Residencial Systems. Cliqueaqui para ver o original na íntegra.